Ensaio sobre epistemologia marxista no turismo: uma leitura althusseriana
Fecha
2023-09-28Autor
Moreira, Maicon Gularte
Orientador
Campos, Luciene Jung de
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Este ensaio teórico parte da observação de aspectos contraditórios do turismo, no que diz respeito a sua ética e aos efeitos negativos que provoca em sua produção e reprodução, no contexto do modo de produção capitalista. Por isso, questiona sobre a responsabilidade do campo acadêmico do turismo na produção e reprodução dessas dissonâncias. Buscando problematizar a produção de conhecimento do campo, discute sua epistemologia, observando o sincretismo epistemológico que o constitui e a utilização de teorias e métodos à revelia do saber epistemologicamente sobre o que é produzido. Em meio às incongruências do cenário observado e considerando trajetórias pessoal e acadêmica, assume posição junto às leituras produzidas sobre este debate a partir de base epistemológica materialista. Após, por meio de revisão bibliográfica sobre trabalhos referenciados ao materialismo em periódicos nacionais especializados em turismo e pelo reconhecimento da heterogeneidade constitutiva de leituras marxistas sobre a obra de Karl Marx, constata que mesmo a produção marxista no campo do turismo elabora suas leituras, predominantemente, a partir de uma base filosófica e teórica vinculada ao marxismo hegeliano. Na intenção de apresentar outra leitura, portanto, para a constituição de uma episteme materialista do turismo, propõe estabelecer uma crítica interna à produção de conhecimento produzida pelo marxismo hegeliano, a partir das proposições de Louis Althusser sobre a especificidade da prática teórica da dialética materialista, apontando a relatividade e os limites de validade desse conhecimento. Assim, analisa teses produzidas em programas de pós-graduação em turismo referenciadas ao Materialismo Histórico e ao Materialismo Dialético, estabelecendo uma leitura epistemológica desses trabalhos a partir de base teórica althusseriana. Através da análise foi possível observar nos trabalhos uma interpretação do turismo a partir de um Materialismo Histórico e de um Materialismo Dialético determinados por elementos que se conformam ao modelo de racionalidade capitalista, sem assumir a necessária posição de ruptura com referentes iluministas, idealistas, empiristas, alcançando um ponto de saturação no que diz respeito à crítica do campo no contexto do modo de produção capitalista. Ao final, em contraponto à produção teórica analisada, sinaliza proposições para a constituição de uma epistemologia materialista do turismo referenciadas à Louis Althusser: a ruptura epistemológica entre o pensamento de Karl Marx e Georg Hegel; o reconhecimento do princípio materialista da diferença entre o real e o seu conhecimento; o reconhecimento da realidade objetiva determinada que implica ao sujeito da prática teórica um lugar e uma função na produção de conhecimentos; o princípio da sobredeterminação da contradição marxista; o conceito de totalidade como a unidade de um todo complexo estruturado sempre já dado com dominante; a incompatibilidade do Materialismo Histórico e do Materialismo Dialético com o modelo de racionalidade do marxismo hegeliano e humanista. [resumo fornecido pelo autor]