A compulsão à repetição, presente na obra de Freud desde 1914, pode ser entendida como uma expressão da pulsão de morte, que, após uma falha de inscrição e de tradução de certas forças pulsionais, estas ficam soltas pelo psiquismo e passam a se repetir na tentativa de simbolizar esta carga energética. Já a escolha conjugal pode ser analisada como parte do ciclo familiar. Diante disso, o presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral identificar as possíveis contribuições do conceito da compulsão à repetição nas escolhas amorosas em situações de violência doméstica. Possui, também, como objetivos específicos: apresentar aspectos fundamentais sobre o conceito de compulsão à repetição, segundo Freud; conceitualizar acerca da escolha conjugal, na perspectiva psicanalítica; e caracterizar a violência doméstica. Na revisão de literatura, os temas de compulsão à repetição, escolha conjugal e violência doméstica são abordados. O método empregado foi o delineamento qualitativo, de caráter exploratório, descritivo e interpretativo, e, como fonte, utilizou-se o filme Marcas do Silêncio. Para tanto, foram selecionadas cenas do artefato cultural, que foram organizadas em tabela e descritas em três categorias: Compulsão à Repetição, Dependência e Violência Doméstica. Para a exploração e discussão do artefato entrelaçado a aspectos teóricos, utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Laville e Dionne, na qual as categorias foram definidas a posteriori, por meio do modelo aberto. Os dados analisados apontaram que a compulsão à repetição, proveniente de situações não simbolizadas pelo sujeito, pode influenciar diretamente a escolha do parceiro amoroso e estarem relacionadas a vivências de violência doméstica. [resumo fornecido pelo autor]