O uso de agrotóxicos e a sua relação com a prevalência de abortamentos e malformações congênitas entre mulheres agricultoras do município de São Marcos/RS
Zusammenfassung
O Brasil consome aproximadamente 20% da quantidade total de agrotóxicos comercializada mundialmente e este consumo tem aumentado significativamente nos últimos anos. O objetivo do estudo é analisar a prevalência de abortamentos e malformações congênitas nas mulheres agricultoras do município de São Marcos, no Rio Grande do Sul, e comparar com a prevalência em mulheres brasileiras em geral. Trata-se de uma pesquisa documental, utilizando dados oriundos do banco de dados do Projeto "O uso de agrotóxicos na agricultura familiar e suas implicações à saúde dos agricultores e à saúde ambiental" e as fichas técnicas dos agrotóxicos mais utilizados por essas agricultoras. Foram utilizados dados parciais a respeito de 76 mulheres agricultoras que produzem alho e uva no município de São Marcos-RS. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 3.481.277. A concentração de idade das mulheres do estudo manteve-se entre 50 e 59 anos, correspondendo a mais de 67% do público entrevistado. Quanto ao tempo de trabalho na agricultura, prevalece mais de 40 anos na profissão. A escolaridade das agricultoras corresponde a 75,1% ao ensino fundamental incompleto, 5,2% ao ensino fundamental completo, 7,9% ao ensino médio incompleto, 9,2% ensino médio completo e apenas 1,3% possuem ensino superior. Conclui-se que o acesso e o incentivo à educação no meio rural é deficitário. No que tange a ocorrência de abortos, 22% das agricultoras relataram já terem passado por esta situação, enquanto a média brasileira é de 15%. Em relação às malformações, apenas uma das mulheres disse ter filhos portadores. Conclui-se que, embora os dados possam sugerir uma correlação entre agrotóxicos e eventos adversos gestacionais, percebe-se que o "n" do estudo precisa ser ampliado para que se tenham dados mais conclusivos. [resumo fornecido pelo autor]