A sociedade se fundamenta na lógica binária, construindo padrões normativos que limitam as possibilidades de identificação e expressão dos gêneros. Tendo em vista os regimes normatizadores é necessário refletir sobre a escuta clínica do profissional da psicologia a pessoas não-binárias. O objetivo geral consiste em descrever as possíveis contribuições da teoria queer na escuta clínica de pessoas não-binárias. Propõem como objetivos específicos conceituar identidade de gênero não binária, apresentar a caracterização da escuta clínica na perspectiva da psicologia e conceituar a teoria queer. Optou-se por uma pesquisa qualitativa, exploratória e interpretativa. Foram utilizados 16 vídeos disponíveis na plataforma YouTube, publicados entre os anos de 2015 e 2023, que apresentam narrativas de pessoas não binárias. O instrumento foi a ficha de documentação composta dos itens identidade de gêneros, vivências em relação ao corpo e relação do social com as pessoas não binárias. Os dados estão sendo analisados por meio da análise temática de Braun e Clarke. Como resultados, foram elaborados três eixos temáticos: Identidades de Gêneros, Vivências em Relação ao Corpo e Relação do Social com as Pessoas Não Binárias. A discussão dos resultados organiza-se em um texto que abarca as possíveis relações entre a identidade de gênero e a teoria queer, a relação entre a classificação de gêneros e orientações sexuais e o fazer do profissional da psicologia, e a relação entre as normas binárias e heteronormativas nas práticas sociais. Esta visa também propor interpretações a respeito das contribuições da teoria queer na escuta clínica de pessoas não binárias. Como considerações finais, compreende-se que existe um foco em comum entre a teoria queer e a psicologia, pois buscam combater a lógica binária, se tornando uma junção de saberes potentes na criação de possibilidades para transformar a realidade opressora e violenta para um futuro cada vez mais inclusivo e menos segregador da diversidade humana. [resumo fornecido pelo autor]