O processo de luto por si só é uma experiência emocional muito intensa e dolorosa e se tratando da perda da figura materna pelo feminicídio o desafio se torna ainda maior. Esses órfãos precisam enfrentar um conjunto de sentimentos aflitivos, diante do luto, da solidão, do estigma, do rompimento de vínculos e da própria dor emergente. Este presente estudo tem como objetivo geral descrever as implicações do luto dos órfãos do feminicídio, e para isso, foi traçado como objetivos específicos descrever as implicações do luto, bem como, caracterizar o feminicídio e as políticas atuais existentes no Brasil e apresentar os órfãos do feminicídio e os serviços oferecidos a eles no Brasil. A pesquisa possui um delineamento qualitativo de caráter exploratório e interpretativo. Como fonte, foi utilizado o documentário Feminicídio minha liberdade é a minha mãe de Stopazzoli, disponível na plataforma Vimeo. Quanto ao instrumento, foi utilizado a tabela de cenas para melhor organização. Para a análise dos recortes do filme utilizou-se o referencial de análise de conteúdo. Os recortes foram escolhidos pela pesquisadora, de acordo com os objetivos da pesquisa e posteriormente categorizados. Portanto, as categorias de análise foram mistas, à medida que foram sendo construídas durante a fase de exploração do material. Nos resultados e discussão foram utilizadas três categorias principais para organização das cenas, sendo elas o Feminicídio; Orfandade e Ressignificação dos objetos de amor. Com isso, compreende-se que o feminicídio engloba uma série de impactos na vida de seus familiares, causando repercussões nas esferas emocionais, cognitivas e sociais. Estes órfãos, que muitas vezes são crianças e adolescentes, precisam lidar não só com a morte da mãe, mas também enfrentar a prisão do próprio pai, quando o mesmo é o autor do crime, perdendo por completo sua configuração familiar. E por fim as ressignificações que esses jovens precisam fazer tanto desse pai idealizado, como a própria relação conjugal dos pais, onde é vista como correta nos casos onde as agressões existem mas são mais sutis, bem como a relação com a figura materna e o trauma que envolve a perda. As considerações finais apontam para a importância de pesquisas nesse âmbito do feminicídio e orfandade, a fim de que haja uma maior reflexão, debate e ações que mobilizem a sociedade para um tema tão complexo. Além disso, salienta-se para a importância da implementação de políticas públicas que ofereçam assistência psicológica, social e jurídica aos familiares das vítimas para que assim, consigam realizar de forma mais assertiva a elaboração do luto para a superação das consequências do feminicídio. [resumo fornecido pelo autor]