Relações de hospitalidade : "A morte em Veneza", de Thomas Mann
Fecha
2023-08-03Autor
Diaz, Ronaldo Leites
Orientador
Ferreira, Luciane Todeschini
Metadatos
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Este trabalho tem como foco a investigação de representações de hospitalidade na obra literária "A morte em Veneza", de Thomas Mann, com ênfase nas vivências do protagonista, Gustav von Aschenbach. Os objetivos específicos envolvem a contextualização da obra no seu contexto histórico, social e literário de produção, a exploração de teorias relacionadas à hospitalidade e ao acolhimento, e a investigação da relação entre turistas e cidades com base no conceito de Corpo Coletivo Acolhedor (CCA), em que as cidades podem ser entendidas, na sua relação de hospitalidade, como um Corpo Coletivo Acolhedor, que pressupõe a existência de três vértices – o conjunto de serviços, o organismo gestor e o capital cultural (PERAZZOLO, SANTOS; PEREIRA, 2014. Ao se considerar a obra literária na sua natureza mimética, conceito fundamental na literatura (CARVALHO, 2019), a mesma pode ser entendida como fonte documental (FERREIRA, 2009) e, dentro dessa perspectiva de análise é que que se busca identificar sinalizadores de representação de hospitalidade na obra “A Morte em Veneza”. A pesquisa de natureza qualitativa apoia-se, na análise de conteúdo de Bardin (2011) e na análise discursiva bakhtiniana. Como pressuposto teórico, compreende-se que a hospitalidade é elemento fundante do turismo, sendo essencial para o seu entendimento (PERAZZOLO, SANTOS, PEREIRA, 2012). A análise das relações de hospitalidade identificadas na narrativa, perspectivadas por construto teórico do Corpo Coletivo Acolhedor permitem identificar diferentes acolhimentos na relação entre Gustav von Aschenbach e Veneza: em algumas ocasiões, ele é bem-recebido nos lugares por onde transita, marcadamente em uma relação comercial; já em outros momentos, observa-se um espaço tensionado, já que a cidade oculta de seus visitantes o fato de estar vivendo em um período de endemia de Cólera. Essa relação dúbia perpassa toda a narrativa, marcando as experiências da personagem. A análise dessas relações permitiu observar momentos em que o protagonista é acolhido e recebe tratamento hospitaleiro por parte dos habitantes de Veneza, bem como situações em que ele é confrontado com a falta de acolhimento. Essa dualidade entre a hospitalidade e a falta de acolhimento contribui para a complexidade das experiências de Gustav von Aschenbach na cidade, evidenciando a importância desses elementos na narrativa e na compreensão das interações entre o turista e o local visitado. Ao explorar essa dualidade entre a hospitalidade e a falta de acolhimento na obra, somos levados a refletir sobre a complexidade das interações entre Gustav von Aschenbach e a cidade de Veneza. Enquanto momentos de acolhimento indicam a capacidade da comunidade local de oferecer um ambiente favorável ao turista, situações de não acolhimento revelam as limitações e os desafios que podem surgir nessa relação. A presença dessas diferentes facetas da hospitalidade na narrativa de Thomas Mann ressalta a importância de uma abordagem ampla e contextualizada para compreender as experiências dos turistas e o impacto das interações com a comunidade local. Por meio da análise dessa obra literária, somos convidados a explorar não apenas a representação da hospitalidade, mas também a própria natureza das relações humanas em um ambiente turístico, enriquecendo nosso entendimento sobre as complexidades do encontro entre o visitante e o local visitado. Portanto, a análise da hospitalidade em “A morte em Veneza” revela a influência dessas dinâmicas nas experiências dos turistas e nas relações entre visitantes e a comunidade local. [resumo fornecido pelo autor]