O trabalho em saúde mental fundamentado no cuidado: reflexões sobre sua materialidade
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Data
2023-08-16Autore
Bitencourt, Lucas Knerek de
Orientador
Camardelo, Ana Maria Paim
Metadata
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Esta pesquisa, inserida na temática da saúde mental, parte do seguinte problema: quais características o trabalho em saúde mental fundamentado no cuidado apresenta?. Diante disso, o trabalho foi direcionado pelas seguintes questões norteadoras: (i) qual o objeto de trabalho dentro de um serviço de saúde mental?; (ii) como se expressam e se relacionam as disciplinas e profissões típicas da saúde mental e quais os impactos dessas relações no cotidiano de trabalho?; (iii) qual é o oposto do cuidado e suas reverberações na atenção em saúde mental?; e (iv) como o cuidado pode caracterizar o trabalho em saúde mental?. A partir do problema de pesquisa e destas indagações, estabeleceu-se o objetivo geral: investigar as características do trabalho em saúde mental fundamento do cuidado. Para isso, a metodologia empregada foi direcionada pelo método crítico dialético. Os instrumentos metodológicos utilizados foram a pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa documental foi realizada com o objetivo de identificar retratos da realidade concreta do trabalho profissional em serviços de saúde mental. Com esse objetivo, foram pesquisados artigos da modalidade Relato de Experiência em anais do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (XVII, XVI e XV edições) e da Jornada Internacional de Políticas Públicas (X, IX e VIII edições) utilizando as palavras-chave saúde mental, sofrimento psíquico, sofrimento mental, loucura e psicossocial. Os artigos foram triados em três momentos: primeiro, pela sua forma (selecionado apenas Relatos de Experiência); segundo, pelo seu conteúdo; e terceiro, pelo foco em relação aos objetivos desta pesquisa. Ao findar as etapas, foram utilizados 15 Relatos de Experiência para subsidiar as reflexões. Como principais resultados, destaca-se a identificação do conceito de sofrimento psíquico como aquele que mais representa a demanda da população usuária, constituindo o objeto em saúde mental. Isso devido à sua relação com a determinação social do processo saúde-doença, a qual permite analisar o sofrimento psíquico enquanto um óbice ao andar da vida e um processo de desgaste relacionado ao modo de produção capitalista. Apresenta-se a proposta da entre-disciplinaridade, centrada no usuário em sofrimento e com profissionais na lateralidade, desocupando o lugar de destaque. O trabalho em saúde mental é majoritariamente um trabalho vivo em ato, em que as tecnologias em saúde são mobilizadas durante o encontro, de acordo com a intencionalidade profissional. Intencionalidade esta que, em um trabalho cujo objetivo é a produção do cuidado, relaciona-se diretamente à produção e reprodução de sujeitos livres, desviando de determinações fundadas no modo de produção capitalista e manicomial. Por fim, o trabalho em saúde mental fundamentado no cuidado caracteriza-se pelo seu potencial no acolhimento, responsabilização e vinculação, construído por meio de tecnologias leves. Seu oposto figura-se no agir torturador, prática em saúde mental reprodutora da lógica manicomial que vai de encontro ao cuidado, produzindo estigmas e relações tortuosas. [resumo fornecido pelo autor]
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