Desenvolvimento de metodologia para seleção de áreas adequadas e projeto básico de aterro sanitário para o município de Bento Gonçalves – RS
Zusammenfassung
Os resíduos sólidos, quando dispostos de forma inadequada, são considerados um dos principais responsáveis pelos impactos ambientais negativos, afetando, além do meio ambiente, a saúde pública da população. O aterro sanitário (AS) pode ser definido como uma forma de disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos (RSU), visto que é fundamentado em critérios de engenharia. Desse modo, o objetivo foi desenvolver o projeto de aterro sanitário para o município de Bento Gonçalves - RS como uma alternativa de rota tecnológica para o tratamento e disposição final dos RSU. Sendo assim, realizou-se a caracterização dos RSU no modelo atual de gestão, bem como a projeção da geração dos mesmos em um horizonte de 20 anos, onde se constatou que em 2042 a população será de 156.545 habitantes que destinarão cerca de 116,33 toneladas de rejeitos por dia ao AS. Visando definir o local mais adequado para a instalação do empreendimento, foi desenvolvida uma metodologia baseada em 8 etapas: estimativa da área necessária, estabelecimento do conjunto de critérios de seleção, definição de prioridades para o atendimento aos critérios estabelecidos; análise com ferramenta de Sistemas de Informações Geográficas; levantamento das áreas possíveis; análise crítica de cada uma das áreas; verificação junto ao município e definição da área de implementação do AS. Obteve-se que apenas 1 área dentre as quatro levantadas não se enquadrou na categorização como "Inaceitável", sendo a única que possibilitou a instalação do empreendimento, necessitando de uma área total de 8,34 hectares. Após, realizou-se o diagnóstico do meio físico, biótico e socioeconômico, para comprovar que o local definido havia aptidão para receber a obra. Então, elaborou-se o projeto técnico, que contou com 3 setores para disposição de resíduos e um setor de apoio. Os setores de RSU foram segregados em 10 células que serão formadas em 4 estágios com 5,5 m cada, inclinação interna do talude de 35° e bermas com largura de 2,5 m. Os resíduos serão espalhados por trator esteira com inclinação 1(V):3(H) e compactados com trator pé-de-carneiro com no mínimo 6 passadas. O projeto ainda contou com: sistema de impermeabilização da base composta por argila compactada e geomembrana PEAD; sistema de drenagem de lixiviado, formado por tubulações de PEAD corrugado perfurado DN 65 mm e DN 80 mm envoltos em uma camada de brita nº 2, protegida por geotêxtil não-tecido; sistema de drenagem de gases com diâmetro total de 1500 mm, composto por tubo de concreto armado perfurado de DN 700 mm, envoltos por brita nº 4 e limitados por tela metálica; sistema de tratamento do lixiviado, formado por lagoa facultativa com diâmetro de 46 m e tratamento secundário por eletrólise; sistema de tratamento de gases por meio de queimadores (flares); sistema de cobertura diária e intermediária realizada por meio do reaproveitamento do solo argiloso retirado durante o preparo do terreno; e, cobertura final composta por uma camada de argila compactada, solo orgânico e plantio de gramíneas; sistema de drenagem pluvial formada por calhas de concreto de DN 500 e 600 mm; e por fim, sistema de tubulação enterrada de PEAD com parede dupla de DN 110, 500, 600 e 800 mm para que o efluente tratado e as águas pluviais drenadas sejam encaminhadas ao recurso hídrico. Durante a instalação e após o encerramento do aterro sanitário, foram previstos procedimentos de manutenção e monitoramento para garantir o pleno funcionamento e a estabilidade da obra. O valor total estimado para instalação do empreendimento foi de 59,3 milhões com um tempo de retorno do investimento entre 9 e 10 anos, tornando-o viável economicamente. Também se constatou que a instalação do aterro sanitário é viável tecnicamente e ambientalmente, dentro das condições de projeto estabelecidas. [resumo fornecido pelo autor]