Entre história e memórias: análise do processo de inclusão escolar de crianças com deficiência a partir de trajetórias docentes
Datum
2023-11-29Autor
Copetti, Aline Marques
Orientador
Bisol, Cláudia Alquati
Metadata
Zur LanganzeigeZusammenfassung
Pesquisar o processo de escolarização e inclusão de crianças com deficiência torna- se relevante quando se pensa na história de exclusão e segregação vivida pelas pessoas com deficiência, bem como quando se reconhece a discriminação ainda direcionada a estas pessoas, recentemente denominada como capacitismo. O objetivo geral desta pesquisa é analisar o processo de inclusão de estudantes com deficiência, a partir de relatos de trajetórias docentes em classes comuns dos anos iniciais do Ensino Fundamental, sob a ótica dos Estudos da Deficiência. Tem-se como objetivos específicos: identificar contribuições dos Estudos da Deficiência para o processo de inclusão escolar, com ênfase nos modelos da deficiência e capacitismo; situar a escola como um espaço de reprodução ou transformação em que a cultura demarca possibilidades de mudança no que tange a educação inclusiva; e analisar trajetórias docentes em classes comuns dos anos iniciais do Ensino Fundamental, direcionando um olhar a mudanças ocorridas desde a perspectiva da educação inclusiva. A investigação utiliza como principal referencial teórico os Estudos da Deficiência, abordando os modelos médico, social e as perspectivas feministas do modelo social da deficiência, como também o capacitismo, buscando identificar de que forma esses conceitos influenciam as relações e práticas nos espaços escolares. Teve como participantes 06 professoras de classes comuns dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul-RS, com 20 anos ou mais de experiência docente, com as quais foram realizadas entrevistas individuais, seguindo um roteiro de questões semiestruturadas. A análise dos dados baseou-se na análise de conteúdo de Bardin (1977), tendo como categorias de análise: concepções sobre inclusão escolar, concepções sobre a deficiência e recursos para a escolarização: desafios entre o ideal e a realidade. Com base nos resultados obtidos, percebe-se que algumas mudanças de pensamento e novas práticas vêm surgindo, mas de forma lenta e gradativa, levando em conta que
mudanças legislativas podem alterar o cenário educacional de um dia para o outro, o que não se pode igualmente afirmar acerca das transformações culturais na
sociedade e nas escolas. Foi possível também identificar a forte presença do discurso médico sobre a deficiência e concepções capacitistas, que acabam refletindo significativamente na prática docente e no cotidiano das escolas. Conclui-se que ainda há desafios e também barreiras a serem transpostas, que indicam que outras mudanças culturais são necessárias, a nível subjetivo e coletivo, a fim de que a educação se torne mais inclusiva.[resumo fornecido pelo autor]