Seleção de microrganismos de solo contaminados com cobre e seu potencial como bioagente
Data
2024-03-08Autor
Debastiani, Giovana Lara
Orientador
Schwambach, Joséli
Metadata
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A cultura da videira, que é o principal e mais antigo cultivo da Serra Gaúcha está sob condições climáticas que favorecem o aparecimento de doenças de plantas, sendo necessária a aplicação de fungicidas. Os mais utilizados, nos vinhedos, são a base de cobre e em função do longo tempo de aplicações, solos contaminados por excesso deste elemento já são uma realidade no Sul do Brasil, Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar a diversidade das comunidades procarióticas associadas a solos de vinhedos com alta concentração de cobre, posteriormente isolar e selecionar microrganismos com potencial promoção de crescimento vegetal e controle de fitopatógenos por antagonismo. Os experimentos foram realizados nos Laboratórios de Controle Biológico de Doenças em Plantas da Universidade de Caxias do Sul e de Microbiologia e Biologia Molecular da Universidade do Vale do Taquari. Um total de três amostras de solo foram coletadas de solos vitícolas contaminados por excesso de cobre, nomeados velho orgânico (VO), velho convencional (VC) e novo convencional (NC). Parte do solo foi destinado para identificação do gênero microbiano utilizando o seqüenciamento da região 16S do rRNA e parte foi caracterizado através de análise química. Em termos de diversidade genética microbiana foram identificados 35 filos, onde o mais representativo com 15,24% de dissimilaridade total das amostras foi atribuído ao filo Proteobacteria, com aproximadamente 40% de representatividade. Os filos mais afetados pela contaminação por Cobre foram Rokubacteria, Bacteroidetes, Verrucomicrobia e Latescibacteria. O isolamento bacteriano resultou em 14 isolados, que produziram Compostos Indólicos (IC), destacando-se como os maiores produtores as linhagens S20 e S26 e também podem produzir sideróforos, com ênfase para as cepas S19 e S26. Isolada do solo VO, a bactéria Bacillus sp. S26, in vitro, apresentou maior potencial no teste de antagonismo com os fitopatógenos Fusarium venenatum, Botryosphaeria dothidea e Botrytis cinerea a bactéria Bacillus sp. S26 inibiu o crescimento dos três, sendo que o mais expressivo foi observado no controle do Botrytis cinerea. A atividade antagonista in vitro contra Colletotrichum spp. identificou algumas cepas bacterianas que inibiram o crescimento dos fitopatógenos, sendo a cepa bacteriana Bacillus sp. S26 escolhida para o experimento de antagonismo em bagas de uva inoculadas com Colletotrichum acutatum, apresentando no tratamento preventivo redução de 3,5 vezes na incidência e também de inoculação em plantas de videira propagadas pelos métodos de estaquia e micropropagação. O primeiro método apresentou maior peso seco da parte aérea e no segundo auxilou na resistência das plantas em solos contaminados com Cu, mas quando as plantas cresceram sem estresse, nenhum efeito de promoção de crescimento foi identificado. Esses dados mostraram que o Bacillus sp. S26 apresenta potencial para o desenvolvimento de um bioproduto inoculante redutor dos sintomas de estresses bióticos e abióticos na videira. [resumo fornecido pelo autor]