Identificação de contaminação de solo em área vitícola: avaliação preliminar e investigação confirmatória
Abstract
A contaminação de solo por metais, decorrente de sucessivas aplicações de agrotóxicos e fertilizantes em áreas vitícolas, afeta a produtividade e a biodiversidade dos ecossistemas além de possibilitar a lixiviação destas substâncias para as águas subterrâneas. Visto que há possibilidade de áreas vitícolas possuírem contaminação por metais, por receberem a décadas aplicações de agrotóxicos e fertilizantes, o presente estudo objetivou realizar a etapa de Identificação proposta pela Resolução CONAMA nº 420/2009. Por meio da Avaliação Preliminar e Investigação Confirmatória, dispostas na NBR 15515/2011 partes 1 e 2, buscou-se comprovar a existência de possível contaminação, e propor técnicas de minimização de contaminantes de área situada em zona rural do município de Bento Gonçalves/RS. Dessa forma, a área foi avaliada considerando informações sobre: seu histórico de uso por meio de entrevista com responsável; características do meio físico; agrotóxicos utilizados na propriedade rural por meio de consulta aos cadernos de registros de campo; concentrações dos metais de cromo (Cr), níquel (Ni), cobre (Cu), zinco (Zn) e cádmio (Cd) por meio de amostragem no solo em três pontos da propriedade (P1 entre a mata e plantio; P2 em área cultivada de 50 anos; e P3 área cultivada de 20 anos); e ainda, foram propostas ações de remediação para três cenários. As análises dos solos foram realizadas por meio da digestão ácida e determinação via Espectroscopia de Emissão Ótica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Os resultados obtidos mostraram que os locais com potencial de contaminação são as proximidades de tanques de concreto utilizados para mistura manual de caldas, além de proximidades de galpões em que atualmente ocorrem o armazenamento, manejo e preparo de caldas para serem pulverizadas mecanicamente. As análises de solos mostraram que o solo localizado em área de cultivo de 20 anos (P3) se enquadra como Classe 3, visto que as concentrações de Ni e Cr ultrapassam os valores de "Prevenção" dispostos pelas legislações vigentes, já os solos dos demais pontos (P1 e P2) se enquadram como Classe 2. Os cenários propostos contemplaram: (1) ações para diminuição da contaminação com presença atividade agrícola, (2) atenuação e regeneração natural com ausência de atividade agrícola, e por fim, (3) indicou-se a técnica de eletrocinética para remediação da área. Conclui-se assim, que os solos dos pontos amostrados não estão contaminados, porém necessita-se de ações para a diminuição das concentrações de contaminantes para que os valores de "Investigação" e Classe 4 não sejam atingidos, não comprometendo a qualidade ambiental, o plantio e a saúde dos agricultores. [resumo fornecido pelo autor]