Educação musical não formal e autismo : estudo das percepções e práticas de professores de escola de música de Caxias do Sul (RS)
Mostra/ Apri
Data
2025-01-17Autore
Soares, Raquel Pereira
Orientador
Bisol, Cláudia Alquati
Metadata
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Esta pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul, na Linha de pesquisa Processos Educacionais, Linguagem, Tecnologia e Inclusão, objetiva analisar as percepções dos professores de música em relação ao ensino de música para crianças e adolescentes autistas, no contexto da educação não formal, especificamente nas escolas de música de Caxias do Sul, RS, identificando práticas pedagógicas e recursos utilizados. Considera como aporte teórico as contribuições dos Estudos da Deficiência e a perspectiva da neurodiversidade e traz para a discussão as concepções acerca do autismo, as perspectivas do modelo médico e as críticas oriundas do modelo social da deficiência. A pesquisa conceitua e contextualiza o ensino de música para crianças e adolescentes autistas no campo da educação musical não formal, sublinhando a diferença entre educação musical e musicoterapia, e desenvolve breve reflexão sobre a educação inclusiva. Ademais, apresenta uma pesquisa sobre o estado da arte na temática Educação Musical e autismo, em que foram analisadas publicações científicas nacionais publicadas entre os anos de 2016 e 2023, através da qual encontrou-se evidências de poucas pesquisas realizadas no âmbito das escolas de música. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, realizada por meio de estudo empírico. Os dados foram constituídos através de entrevistas semiestruturadas com sete professores de música que lecionam ou lecionaram música para crianças e/ou adolescentes autistas. A análise de conteúdo foi realizada com base em Bardin (2004). Os resultados foram organizados em seis categorias de análise: 1. O maestro: professores de escola de música 2; Os músicos instrumentistas: crianças e adolescentes autistas; 3 Harmonia: formação dos professores; 4. Melodia: práticas pedagógicas; 5. Contrapontos: musicalização x musicoterapia; e 6. Ritmo: A família em questão. Os resultados mostram que a educação musical para crianças e adolescentes autistas é sempre um desafio para os professores de música. A adequação de métodos tradicionais, adaptações de práticas pedagógicas, recursos visuais e sensoriais e instrumentos alternativos foram apontados pelos professores como algumas das estratégias de planejamento e ensino de música para alunos autistas. Os professores apontaram a necessidade de cursos formativos de educação musical para autistas. Constatamos que de um modo geral as escolas de música não organizam seus espaços para acolhimento desse público e o acesso ao ensino ocorre conforme a capacidade e predisposição dos professores. As entrevistas permitiram perceber que muitos familiares de alunos autistas não sabem ou ignoram as diferenças de abordagem da musicoterapia e da musicalização, buscando nas aulas benefícios da terapia com música. Parte dos professores tendem a perceber o autismo como uma diferença humana com características peculiares, dificuldades de aprendizagem e interação social que podem ser desenvolvidos na musicalização. Entendemos que a perspectiva do modelo médico da deficiência se faz presente, e ressaltamos a importância de considerar o modelo social e a neurodiversidade. Esperamos que esta pesquisa possa servir como inspiração e aporte para novas pesquisas que considerem o contexto da educação não formal e reflexões sobre o acesso às estratégias metodológicas musicais que possam continuamente abranger o processo de aprendizagem e desenvolvimento desses alunos. Bem como novas pesquisas com enfoque na família e suas percepções sobre o autismo e a musicalização para autistas, que colaborem para esclarecimentos e qualificação da educação inclusiva. [resumo fornecido pelo autor]