O presente trabalho tem como objetivo identificar possíveis contribuições da teoria winnicottiana em relação às funções parentais no desenvolvimento dos filhos em famílias monoparentais paternas. Para tal, utilizou-se da teoria de Donald Winnicott que possui conceitos fundamentais a partir de uma teoria do amadurecimento emocional, como holding, ambiente facilitador, integração do self e o cuidado suficientemente bom. As transformações sociais ocorridas nas últimas décadas têm provocado o surgimento de novas configurações familiares, dentre elas, aquelas compostas exclusivamente pela figura paterna, que assume o papel principal no cuidado dos filhos. Em contraposição ao modelo tradicional de parentalidade, centrado na mãe como figura cuidadora principal, esse arranjo familiar demanda um novo olhar da Psicologia sobre os modos de exercer o cuidado, o vínculo e a função parental. Para o estudo do tema apresentado, optou-se por uma pesquisa qualitativa com delineamento exploratório e interpretativo. Para a realização do trabalho, fora utilizado o filme "Parentalidade", de Paul Weitz (2021), baseado em uma história real de uma família monoparental paterna, a partir da qual foi possível ilustrar alguns conteúdos abordados, traçando possíveis reflexões à luz da teoria winnicottiana nesse contexto familiar. A partir do filme definido e do recorte das cenas selecionadas, as quais foram agrupadas e emergiram três categorias: 1) Dificuldades em exercer a função; 2) Importância da rede de apoio e os impactos dela; 3) Barreiras sociais relacionadas à função materna. Os resultados e a discussão propostos alinham questões teóricas ao que é ilustrado no artefato cultural, sendo possível identificar alguns aspectos da teoria winnicottiana, ou seja, que o exercício das funções parentais independe do gênero do cuidador. Assim, conclui-se que a teoria de Winnicott pode oferecer um referencial consistente para refletir sobre as possibilidades e desafios da função materna em contextos de monoparentalidade paterna, contribuindo para o desenvolvimento de práticas psicológicas mais inclusivas e sensíveis à diversidade familiar contemporânea. [resumo fornecido pelo autor]