Epistemologias do corpo : o encontro entre dança contemporânea e educação
Zusammenfassung
O presente texto, apresentado como dissertação junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul (PPGEd - UCS), através da Linha de Pesquisa História e Filosofia da Educação, tem como objetivo analisar qual a contribuição da Dança Contemporânea no processo formativo do sujeito corpóreo, a fim de questionar o predomínio da razão imaterial sobre os sentidos e reivindicar o lugar imprescindível que o corpo ocupa na genuína constituição do saber e do tornar-se humano. Este trabalho tem sua estrutura marcada pela descrição fenomenológica de referenciais conceituais caros ao tema, seguida da análise, interpretação e aplicação hermenêutica dos mesmos. Fundamenta-se na noção do corpo filosófico, com destaque à ontologia dualista de Descartes (1991, 1999) e à fenomenologia de Merleau-Ponty (2011); do corpo na contemporaneidade, imerso em uma realidade fortemente marcada pelos avanços do capitalismo, da tecnologia e da mídia, contribuindo para a elaboração deste capítulo inúmeros autores dentre os quais Ball (2010), Bauman (1999), Debord (1997), Duarte Junior (2000), Elias (1994), Foucault (1997, 2007), Hall (2005), La Boétie (1982), Le Breton (2003), Lipovetsky (1989), Mauss (2003), Sibilia (2002) e do termo sujeito corpóreo, reforçando a condição corpórea do saber e a mundanidade da constituição do "Eu" no mundo através dos estudos de Bondía (2002), Damásio (2000, 2005), Dewey (1958, 2010), Katz e Greiner (2005, 2006), Lakoff e Johnson (2002); pensando também, a experiência artística em Dança Contemporânea como agenciadora e potencializadora do conhecimento e formação humana integral à luz dos escritos de Fux (1983), Garaudy (1980), Paviani (1991, 2010), Portinari (1989), Vianna (2005), dentre outros. O texto toma a direção teórica em favor de uma concepção de educação indissociável da razão sensível e, logo, do corpo, sendo que, ao se abordar o processo educativo se estará fazendo referência ao fenômeno humano que é a formação em todas as suas instâncias existenciais e não somente a educação formal praticada dentro das instituições de ensino. Destaca-se os limites do paradigma racionalista e de uma educação baseada unicamente na objetividade científica, que inferioriza o corpo e a sensibilidade e privilegia um suposto ser-saber incorpóreo. O diálogo entre filosofia, arte e educação oferece ferramentas conceituais para propor espaços de experimentação e investigação de outros sabores-saberes, ampliando o conceito de racionalidade e posicionando filosoficamente o corpo e a sensibilidade como vias de acesso ao conhecimento e como fontes de formação humana. É a busca por uma educação que permita ao sujeito transformar-se para além do que já é. Educação enquanto abertura existencial. Formar-se outro. Educação-rio.