Desenvolvimento de bioespumas empregando resíduos agroindustriais e macrofungos regionais
Abstract
A crescente busca por materiais biodegradáveis tem despertado o interesse do mundo científico para o desenvolvimento de produtos que tenham essa característica. Estes materiais podem substituir produtos sintéticos, provenientes do petróleo, como o poliestireno expandido (EPS), o qual se apresenta em uma grande variedade de formas e aplicações. Muitos macrofungos desenvolvem micélios com elevada degradação biológica e resistência mecânica e, quando desidratados, além da baixa densidade, tornam-se uma alternativa para a produção de materiais biodegradáveis com potenciais propriedades para substituir, em algumas aplicações, o EPS. O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um material biodegradável como potencial alternativa ao uso de EPS (Isopor®), empregando micélio de macrofungos regionais da região Sul do Brasil, cultivados em meios contendo serragem e farelo de trigo e/ou misturas desses substratos. Os meios inoculados com os macrofungos foram dispostos em recipientes de forma a permitir um formato regular para a bioespuma produzida. Após a colonização do substrato pelo macrofungo, a bioespuma foi desidratada com o emprego de calor para a caracterização do material. As bioespumas são caracterizadas neste estudo pelas suas propriedades morfológicas, térmicas, mecânicas e quanto à estrutura
química em comparação ao EPS. Como resultados, destaca-se a existência de interação entre a matriz e as partículas do meio de cultivo, serragem e farelo de trigo, estabelecida pela formação das hifas, identificada por microscopia eletrônica de varredura. Essa morfologia proporciona a obtenção de uma estrutura densa e compacta, o que justifica os resultados de resistência à compressão obtidos serem superiores em relação ao EPS. Com relação às propriedades térmicas, determinadas por termogravimetria, a temperatura máxima de degradação das bioespumas foi cerca de 40ºC inferior em relação ao EPS. Os resultados de densidade foram superiores para as bioespuma com 3c mm de espessura e bioespuma com 25 mm de espessura, com média de 0,4 e 0,3 g.cm-³, respectivamente, comparados aos valores de 0,08 e 0,03 g.cm-³ das amostras de EPS. Os resultados indicam que, apesar da menor estabilidade térmica, cerca de 14% inferior à estabilidade do EPS, as bioespumas de macrofungos possuem resistência à compressão 60% superior à do EPS. Salientam-se, ainda, as características biodegradáveis do material obtido, pois tem-se um poduto de menor tempo de degradação que, pos-uso, pode ser aproveitado como fertilizante agrícola potencializando seu uso como alternativa ao EPS em algumas aplicações. [resumo fornecido pelo autor]