Relações de hospitalidade/acolhimento no filó doméstico atual - o caso de Arvorezinha/RS/Brasil
Fecha
2018-10-09Autor
Camilotto, Samara
Orientador
Santos, Marcia Maria Cappellano dos
Metadatos
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O presente trabalho tem como objeto de estudo relações de hospitalidade/acolhimento em filós domésticos, na forma como atualmente se realizam. Tendo por referente o filó como uma prática sociocultural específica de encontro no âmbito doméstico, ainda realizada por descendentes de imigrantes italianos no interior de suas residências; hospitalidade/acolhimento na perspectiva sócio-humana; e o município de Arvorezinha/RS como a comunidade-alvo de pesquisa, objetiva-se analisar repercussões da atual prática sociocultural do filó no que tange aos laços sociais intracomunitários, consideradas relações de hospitalidade/acolhimento. A pesquisa, na modalidade estudo de caso, define-se como predominantemente qualitativa, com abordagem hermenêutica. O processo analítico-interpretativo dos dados coletados pautou-se pela análise discursiva enunciativa associada à análise de conteúdo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 25 moradores do município de Arvorezinha que participaram de filós nos últimos cinco anos, como acolhedores ou acolhidos, considerando um processo randômico de indicações. De acordo com a voz dos sujeitos entrevistados, o filó é uma forma de convivência entre pessoas (encontro) constituída através de visita/reunião, que acontece à noite no interior das residências, sobretudo nas cozinhas, congregando amigos, vizinhos e/ou familiares, com a finalidade de união, em que ocorre conversa com trocas de ideias e relatos de histórias, jogos de cartas, momentos de expressão de religiosidade e oferta de alimentos e bebidas, sendo que os convidados são recebidos pelos anfitriões e, posteriormente, estes retribuem a prática, dependendo ou não de convite prévio. A comunidade se apropria do filó como um modo de convivência em que o ciclo dos encontros não é fechado, sem permeabilidade. Ele é aberto a diferentes grupos de amigos, vizinhos e/ou familiares interagindo entre si e uns com outros, numa espécie de rede que se conecta em diversos pontos. Em filós, tem-se oportunidade de tornar o (sujeito) conhecido cada vez mais conhecido e mais conviva. Também, institui-se como ocasião para (re)conhecer a si e se (re)conhecer como membro integrante de uma comunidade. Reúnem-se, nesse sentido, indícios de que esse encontro, pelo seu ciclo iterativo, fortalece os laços sociais intracomunitários e a manutenção da prática, cujo alicerce está no acolher e ser acolhido.