A condição humana no antropoceno: princípios educativos para horizontes legítimos de convivência
Fecha
2019-10-29Autor
Mendes, Michel
Orientador
Catelli, Francisco
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O objetivo deste estudo é refletir sobre a condição humana no Antropoceno, a fim de propor princípios educativos que possam desencadear processos de emergência de horizontes legítimos de convivência para a Época humana. No início da década de 2000, Paul Crutzen e Eugene Estoermer, entendendo que a ação humana tomou proporções nunca vistas antes, comparadas a grandes eventos naturais de mudança nos momentos geológicos da Terra, resolvem nomear de Antropoceno, a Época humana na qual se vive agora. O termo sugere que a Terra está saindo da atual Época geológica, o Holoceno (últimos 11.700 anos), e que essa consequência é fortemente ocasionada pelas atividades humanas, situando o ser humano como uma força geológica capaz de transformar, para sempre, os ecossistemas terrestres. O Antropoceno, como Época geológica, ainda não está oficializado pela União Internacional de Ciências Geológicas, podendo vir a sê-lo em 2021, no 36º Congresso Internacional de Geologia, na Índia. As marcas, os sinais geológicos que os pesquisadores procuram e estão ancorando suas evidências para que ocorra a formalização da Época, são os tecnófosseis. Estes fósseis são gerados pela ação humana, como concreto, alumínio e plástico, os quais compõem a tecnosfera. No interior desse contexto, a preocupação deste estudo se volta para a compreensão das condutas humanas, do viver relacional humano com sua espécie e com as demais que coabitam a biosfera. A composição teórica do estudo articula os conhecimentos advindos da Biologia-Cultural, de Humberto Maturana e Ximena Dávila, como processo reflexivo cambiante da Biologia do Conhecer e da Biologia do Amar, com aqueles da Complexidade, especialmente sobre a tríade do gênero humano (condição humana) indivíduo/sociedade/espécie, de Edgar Morin. O delineamento teórico-metodológico adotado neste estudo é inspirado nas contribuições de Maturana (2002a, 2002b) - com as explicações científicas; e de Morin (2004, 2005) e Morin, Ciurana e Motta (2003) - com a complexidade como método. As explicações científicas, de acordo com Maturana (2002a), são reformulações de segunda ordem das experiências do observador implicado no observar e aceitas por um outro (observador), a partir de seus critérios de validação e da descrição dos elementos que compõem a experiência da práxis do viver. Por sua vez, a complexidade como método é o caminho gerativo para e do pensamento, sendo uma atividade reflexiva do sujeito que conhece, é capaz de aprender, inventar e criar em e durante o seu caminho. Em vista disso, este estudo propôs como resultado da dinâmica recursiva de meu viver, quatro princípios educativos que possibilitam a emergência de horizontes legítimos de convivência para o Antropoceno: Educar para: a autonomia reflexiva; condutas relacionais pautadas no amar; a consciência ecológica e social; e a responsabilidade ecológica e social. Considerando meu historial de ações e meu viver relacional com o meio, com aquilo que vejo e sinto em relação ao ser humano agindo no e sobre o mundo, meu desejo é que outras maneiras de compreender o mundo, a partir da educação, possibilite a emergência de seres humanos conscientes de sua deriva histórica como parte de um todo, o sistema Terra.