Religiosidade, etnicidade e educação: a presença das Irmãs Carlistas-Scalabriniana no Rio Grande do Sul (1915-1948)
Zusammenfassung
O estudo é desenvolvido com o objetivo de analisar como se constituiu a educação carlista-scalabriniana no Rio Grande do Sul, a partir da inserção da Congregação das Irmãs de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas no Estado, considerando a relação religiosidade, etnicidade e escolarização. Para tal, busca-se investigar o processo histórico de implantação de
instituições escolares scalabrinianas no Rio Grande do Sul e apresentar os princípios da missão e da educação scalabriniana em relação com a etnicidade, a religiosidade e a escolarização. Utilizam-se pressupostos teórico-metodológicos da história cultural e da história da educação, com o emprego da história oral e da análise documental histórica. O recorte temporal foi
delimitado de 1915, ano de inserção da Congregação na Região Colonial Italiana (RCI) — RS, até 1948, quando iniciaram as obras educacionais no Sul do estado do RS, em Santa Vitória do Palmar, o que produz uma nova configuração para a organização da congregação no estado gaúcho. O percurso da pesquisa é marcado pela busca de documentos e da contribuição de sujeitos para compreender a constituição e a organização da congregação e da educação carlistascalabriniana. Para tal, visitou-se a Casa-Geral — em Roma/Itália — e as casas provinciais localizadas em Piacenza — Itália e no Brasil — São Paulo e Caxias do Sul. Instituições escolares também foram visitadas no Rio Grande do Sul, nos Municípios de Caxias do Sul, Guaporé, Bento Gonçalves e Farroupilha. O resultado aponta para uma congregação marcada
pela tríade: italianidade, catolicidade e educação. As ações das Irmãs Carlistas-Scalabrinianas foram se constituindo no fazer cotidiano, através de experiências práticas. A educação, promovida nas escolas da congregação, tinha como foco o desenvolvimento de valores morais católicos, a disciplina e a instrução, preparando, especialmente o público feminino, para o bom desempenho de atividades do lar ou para a vocação religiosa. A tese é a de que a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo — Scalabrinianas foi construída a partir da necessidade de seu fundador, Giovanni Battista Scalabrini, de tutelar os migrantes italianos, para que mantivessem a fé católica e, para isso, estimulou a manutenção da cultura italiana. A congregação ofereceu assistência aos migrantes, especialmente italianos, na área da educação,
da saúde e da pastoral. A educação tinha como principal referência o próprio fundador, era constituída na prática e estava voltada à catolicidade, à etnicidade e à escolarização. A etnicidade representava uma marca importante da congregação, com a qual se produzia uma identificação com os imigrantes e seus descentes; a escolarização era entendida como instrução
de fundamentos básicos de leitura, escrita e cálculo; e o catolicismo aparecia nas práticas cotidianas e nas celebrações das escolas da congregação.