Atividade turística de rafting e os sentidos da segurança para seus condutores: rios Paranhana e Antas em Três Coroas e Nova Roma do Sul/RS
Data
2020-06-01Autore
Bazotti, Leandro dos Santos
Orientador
Campos, Luciene Jung de
Metadata
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Dentre as possibilidades de lazer e turismo disponíveis, os segmentos que propiciam contato com a natureza estão sendo amplamente oferecidos nas agências e procurados por seus clientes. O estado do Rio Grande do Sul possui grande atratividade para a realização de diversas atividades em meio ao ambiente ao ar livre. O Turismo de Aventura é uma das alternativas passíveis de ser comercializada
e consumida. Porém, para que sua venda possa ser concretizada, é necessário o se faz uso de um aparato normativo institucionalizado com o intuito de oferecer segurança para os seus envolvidos. Com o intuito de contribuir com elementos que facilitassem e incentivassem a negociação entre oferta e demanda o Ministério do Turismo através da Associação Brasileira de Normas Técnicas criou um regramento para auxiliar na argumentação de convencimento para a venda e compra de atividades turísticas de aventura. Esta dissertação discorre sobre o trabalho do sujeito na condição de condutor de rafting nos rios Paranhana e Antas, na região da Serra Gaúcha, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Tem o intuito de verificar como se constitui o sentido de segurança para este trabalhador ao desempenhar sua tarefa. O sujeito, condutor de rafting é o responsável por zelar pela segurança e integridade da atividade e dos envolvidos ao final de todo o processo de comercialização. Foram entrevistados um total de seis condutores do Rio Paranhana e seis do Rio Das Antas. O dispositivo teórico analítico da Análise do Discurso (AD), oriundo da abordagem francesa pecheutiana, foi utilizado para verificar como se constitui o sentido de segurança para o sujeito trabalhador na condição de condutor
de rafting ao desempenhar sua tarefa. Ao conduzir a atividade de rafting o sujeito é interpelado por uma série de elementos que o fazem se (re)significar através do estranhamento proporcionado pelos fluxos que compõem o contexto onde transita. A atuação do trabalhador é caracterizada pelo deslocamento consciente e inconsciente dentro da sociedade de consumo contemporâneo; situação esta
fundamentada nas regras de segurança que servem para atenuar o risco de acidente e morte desencadeando o prazer, a valentia, o medo, além da defasagem, da contradição, das estratégias defensivas e do sofrimento do condutor de rafting. O sentido de segurança se constitui através do consumo da espetacularização da tarefa deste trabalhador advinda da comercialização de experiências que
necessitam ser economicamente viáveis para o mercado capitalista. A segurança pode ser colocada em risco pela espetacularização da atividade. Enquanto uma atividade de risco, é preciso enfrentar o medo e negar os riscos para poder envolverse na atividade. Esta situação faz com que exista uma identificação social que busque a preservação do seu posto de trabalho, pelo fato deste ser o espaço que propicia a oportunidade deste grupo de trabalhadores ter contato e troca com distintos grupos de sujeitos que circulam pelo ambiente no qual se conduz os fluxos que dão sentido à vida que procura resgatar o que foi perdido, que não mais existe e
que atua em seu imaginário, dando a ilusão de possuir algo desconhecido mas desejado.