Práticas de gestão ambiental voltadas à logística reversa de embalagens na indústria vinícola
Zusammenfassung
A logística reversa de embalagens é um assunto relevante no contexto atual, especialmente após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, instituída pela Lei nº 12.305/2010. Atrelado ao conceito da sustentabilidade, todos os envolvidos na cadeia de suprimentos passam a ter responsabilidade compartilhada sobre a gestão e destinação adequadas dos resíduos gerados. No Brasil, a vitivinicultura concentra-se no Rio Grande do Sul, com destaque para a Serra Gaúcha, e não possui uma cadeia de logística reversa definida e que cumpra efetivamente a legislação nacional. O território do Vale dos Vinhedos está inserido nesta região e foi a primeira indicação geográfica reconhecida do país, sendo referência para o setor vitivinícola nacional. A indústria vinícola tradicionalmente utiliza embalagens de vidro em seu processo produtivo, gerando uma grande quantidade de descarte pós-consumo deste resíduo, por ser de uso único, além de plástico, papel e metal. Nesse contexto, buscou-se identificar as práticas de gestão ambiental voltadas à logística reversa de embalagens pós-consumo adotadas pelas vinícolas localizadas no Vale dos Vinhedos e associadas à Aprovale – Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. Por meio de pesquisa bibliográfica foram explorados os conceitos de sustentabilidade, gestão ambiental e logística reversa, além da interligação destes conceitos entre si e com a PNRS. Para uma melhor compreensão dos fluxos da logística reversa de embalagens no setor vitivinícola, optou-se por delinear um modelo genérico de cadeia de suprimentos na indústria vinícola, com base na literatura. Após esta etapa, elaborou-se um questionário para verificar quais as práticas de gestão ambiental e de logística reversa são adotadas pelas empresas. Na sequência, realizou-se um estudo de casos múltiplos nas indústrias vinícolas da região delimitada, com a aplicação do questionário estruturado, caracterizando este estudo como exploratório com abordagem quali-quantitativa. Foram analisadas seis empresas, identificadas como V1, V2, V3, V4, V5 e V6. A análise dos resultados demonstrou que todas as empresas possuem a licença ambiental e o PGRS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – atualizados, conforme previsto na legislação. Os resultados mostram que as empresas avaliadas não realizam campanhas de conscientização para os consumidores, bem como não possuem iniciativas de instalação de pontos de coleta ou acordos com fornecedores para recolhimento de embalagens. A logística reversa de embalagens é observada somente na empresa V4, sendo também a única com investimento em cooperativas ou associação de catadores. Com base nestes dados, sugeriu-se a implantação de um sistema de logística reversa que envolva os consumidores, atendendo à legislação vigente