Atividade anticonvulsivante e antioxidante de erva-mate (Ilex paraguariensis, St. Hil.) orgânica e convencional e seu efeito sobre o comportamento de ratos wistar
Date
2014-06-12Author
Branco, Cátia dos Santos
Orientador
Salvador, Mirian
Coitinho, Adriana S.
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A epilepsia é uma das mais comuns e sérias desordens neurológicas. Caracteriza-se pela
ocorrência de crises convulsivas, as quais podem aumentar a geração de espécies reativas,
desequilibrando o metabolismo redox dos pacientes epiléticos e aumentando a incidência de
doenças associadas ao estresse oxidativo. Estudos têm mostrado que alguns polifenóis podem
apresentar atividade anticonvulsivante em modelo animal de epilepsia. A erva-mate (Ilex
paraguariensis) é uma planta rica em polifenóis, compostos com reconhecido potencial
antioxidante. Atualmente, o cultivo da erva-mate pode ser feito a partir de dois métodos
distintos, o orgânico, no qual o uso de fungicidas, inseticidas e/ou fertilizantes inorgânicos é
proibido, e o convencional, onde a utilização destes insumos é permitida. Estudos têm
mostrado que algumas plantas cultivadas sob manejo orgânico apresentam maiores teores
polifenólicos do que àquelas produzidas pelo cultivo convencional. Em vista disso, o objetivo
deste estudo foi avaliar o potencial anticonvulsivante, antioxidante e possíveis alterações
comportamentais de infusões de erva-mate, orgânica e convencional em ratos Wistar.
Avaliou-se ainda, o perfil polifenólico de ambas as amostras de erva-mate. Ratos machos
foram divididos em três grupos e tratados, via gavagem, com água destilada, infusão de ervamate
orgânica e infusão de erva-mate convencional, durante 15 dias. Ao término do
tratamento, os animais foram avaliados comportamentalmente através do teste de campo
aberto (Open Field). Subsequentemente, uma dose única da droga convulsivante
pentilenotetrazol (PTZ) 60 mg/kg (i.p.), foi administrada e os animais foram observados
durante 30 minutos em relação ao tempo de latência, tempo de crises tônico-clônicas,
intensidade e freqüência de convulsões, duração total das crises e mortalidade induzida pelo
PTZ. Após, os animais foram sacrificados e os tecidos do SNC (cerebelo, córtex cerebral e
hipocampo), o fígado e o soro coletados para os ensaios de atividade antioxidante das
infusões de erva-mate. Os resultados mostraram que ambas as infusões, tanto orgânica como convencional, não alteraram os parâmetros comportamentais (locomoção, exploração e
ansiedade) dos animais. Observou-se que os tratamentos, tanto com a erva-mate orgânica
quanto com a convencional, foram capazes de diminuir a freqüência das crises convulsivas
em relação ao PTZ. Em adição, o tratamento com a erva-mate orgânica reduziu
significativamente o tempo de crises tônico-clônicas quando comparado ao grupo controle.
Ambas as infusões estudadas mostraram uma tendência de diminuição da intensidade das
crises convulsivas (animais que atingiram o nível 5 na escala de Racine) induzida pelo PTZ.
Além disso, as infusões de erva-mate orgânica e convencional reduziram os níveis de danos
oxidativos a lipídios e proteínas, e a concentração de óxido nítrico induzidos pelo PTZ nos
ratos. Ambas as infusões estudadas preveniram, ainda, a depleção das defesas antioxidantes
enzimáticas (superóxido dismutase e catalase) e não-enzimáticas (conteúdo de proteína
sulfidril) induzida pelo PTZ. Não foram observadas diferenças no conteúdo fenólico total
entre as infusões de erva-mate orgânica e convencional. Os compostos fenólicos rutina, ácido
clorogênico e acil derivados, e o alcalóide cafeína foram identificados em ambas as infusões
de erva-mate estudadas.