A leitura literária como experiência performática: estudo das práticas leitoras de professores de língua inglesa
Fecha
2021-09-30Autor
Dall Agnol, Samira
Orientador
Ceccagno, Douglas
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A presente tese analisa as práticas de leitura literária dos professores de língua inglesa no intuito de compreendê-las como experiências performáticas. A fundamentação teórica baseia-se em um entendimento de leitura, a partir dos estudos de Leffa (1996), Kleiman (1995), Solé (1998), Silva (1997), Jouve (2002), Terra (2014), Britto (2015), Eco (1991) e Petit (2009; 2013; 2019). Conta ainda com aspectos da Estética da Recepção, a partir das contribuições de Jauss (1979; 1994) e Iser (1979; 1999); bem como da Indústria Cultural, com as discussões propostas especialmente por Adorno (1986; 2010). Elementos da Sociologia da Leitura foram agregados à tese pelo aporte de Bourdieu (1982; 1996) e Chartier (1994; 2001a, 2001b) e, pela via da Antropologia da Leitura, as considerações tomaram como base Turner e Bruner (1986), Larrosa (2019), Boyarin (1992), Zumthor (2020) e Schechner (2020), discutindo com maior ênfase os conceitos de experiência e de performance. Além da revisão bibliográfica, a pesquisa compôs-se por um estudo descritivo das práticas de leitura literária do grupo mencionado, sendo dividido em duas etapas de coleta de dados: na primeira, com vistas a traçar o perfil de leitura do grupo em foco, utilizou-se de um questionário online enviado a 80 professores, contatados via 4ª CRE e via BRAZ-TESOL, tendo o retorno de 55 instrumentos. Na segunda etapa, foram eleitos 10 sujeitos respondentes do questionário, os quais foram entrevistados no intuito de revelar suas experiências performáticas de leitura. Ao longo desta tese, demonstra-se que o perfil do professor-leitor de língua inglesa caracteriza-se por professores licenciados em Letras, com menos de 10 anos de experiência docente, que atuam em escolas de idiomas e declaram proficiência na língua inglesa em nível C1, conforme o CEFR. Esse professor considera-se leitor já que lê pelo menos 5 livros por ano e realiza leituras literárias em inglês e em português, tendo lido seu último texto em inglês há dois meses e em português há um mês (tendo como referência a data de coleta de dados). O professor-leitor de língua inglesa cultiva práticas de leitura comentando sobre os livros lidos com amigos e colegas, bem como seleciona obras literárias por outros motivos alheios à profissão, muito embora considere que as leituras eletivas ampliam o entendimento do mundo e de sua atuação docente. Como aprofundamento da compreensão das experiências de leitura desse perfil de leitores, percebeu-se que há uma geração influenciada por título contemporâneos, mesmo que obras clássicas também componham o repertório do grupo pesquisado. Em relação à língua inglesa, os dados revelaram que as leituras seriam ainda mais constantes se o acesso à obra original não fosse ainda tão difícil, em termos financeiros. Os dados coletados relataram que no grupo não há leitores que participam de clubes de leitura, já que preferem eleger seus textos literários a partir de critérios individuais. Também foi consenso a ideia de que a leitura literária envolve um gesto de ruptura na rotina e abertura de um tempo e um espaço alheios ao cotidiano. Ainda, o compartilhamento de experiências literárias foi descrito como forma de criar conexões com outros leitores. Outro aspecto relevante diz respeito ao livro físico, enquanto objeto cultural, sendo preferido aos formatos virtuais. Ao adentrar propriamente na experiência performática de leitura literária, compreende-se que, na medida em que o leitor a incorpora, envolvido cognitiva, emocional e fisiologicamente pelo prazer do texto, tal vivência se revela como performance. [resumo fornecido pelo autor]