A psicologia no CRAS e a pessoa com deficiência : contribuições a partir dos estudos da deficiência
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Data
2022-10-06Autor
Rizzon, Nathália Mussatto
Orientador
Bisol, Cláudia Alquati
Metadata
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O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) se apresenta como um importante campo de trabalho para o psicólogo. A atuação na política de assistência social pressupõe um fazer comprometido com a garantia de direitos e com a promoção da cidadania dos usuários. A
presença da psicologia nas políticas públicas pode ter um importante papel na promoção da inclusão e na participação efetiva das pessoas com deficiência na sociedade. O objetivo desta dissertação é analisar as percepções de psicólogos e usuários com deficiência no que se refere ao atendimento à pessoa com deficiência no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), tomando como base os Estudos da Deficiência. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, do tipo exploratório, que teve como instrumentos de coleta de dados entrevistas semiestruturadas. Os participantes da pesquisa foram nove psicólogos que atuam como técnicos de nível superior nos CRAS e duas pessoas com deficiência usuárias desses serviços. Os dados obtidos através das entrevistas com os psicólogos foram analisados utilizando-se Análise de Conteúdo de Bardin e foram organizados em quatro categorias, estabelecidas a posteriori: Concepções da deficiência; A atuação do psicólogo e a garantia dos direitos; Interseccionalidade e opressão; e Cuidado. Os resultados apontam para um
atravessamento dos modelos médico e social nos discursos dos psicólogos. Foi possível verificar o reconhecimento, por parte dos profissionais, de que apesar dos avanços na legislação, alguns dos direitos das pessoas com deficiência seguem sendo violados. Há uma avaliação positiva do papel do psicólogo no atendimento à pessoa com deficiência, embora aspectos do trabalho no CRAS, como a alta demanda e a escassez de tempo, sejam entendidos como empecilhos a essa atuação. Acredita-se que aspectos como o modelo social,
a interseccionalidade da deficiência com outros marcadores sociais e a ética do cuidado, assim como o estudo da legislação destinada à pessoa com deficiência, possam ser aprofundados como forma de aprimorar a atuação do psicólogo nesse contexto. Os dados obtidos por meio das entrevistas com as pessoas com deficiência foram interpretados e relacionados com o referencial teórico dos Estudos da Deficiência. A baixa adesão dos
usuários no estudo foi problematizada, mas os resultados encontrados fortalecem a aposta em uma pesquisa que seja construída junto às pessoas com deficiência. Acredita-se que a psicologia inserida em espaços como o CRAS pode contribuir para uma ruptura da visão patologizante da deficiência, auxiliando no rompimento das barreiras de participação às quais essa população tem sido submetida. Como produto final, foi elaborada uma proposta de Seminário que tem como objetivo apresentar os resultados deste estudo, introduzir conhecimentos sobre os Estudos da Deficiência e pensar, juntamente aos profissionais, em estratégias que possam aprimorar a atuação no CRAS em relação à pessoa com deficiência. [resumo fornecido pelo autor]