Apesar de se acreditar que a caça às bruxas é um fenômeno que faz parte do passado, essa ainda está presente em diversos países na contemporaneidade. Percebe-se que mulheres permanecem sendo alvo de violência, sendo tais ações embasadas em expectativas sobre a imagem e o comportamento desse público que foram construídas socialmente. O objetivo geral deste trabalho busca identificar possíveis consequências do preconceito direcionado à mulher-bruxa no século XXI na perspectiva da violência de gênero. Os objetivos específicos se referem a elaborar um panorama sócio-histórico e social do conceito de mulher-bruxa e das práticas de perseguição direcionadas ao feminino; descrever o conceito de preconceito e os conceitos relacionados de estereótipo e discriminação, na perspectiva da psicologia social norte-americana; e caracterizar a violência de gênero. A revisão da literatura seguiu a estrutura delineada nos objetivos específicos. O presente trabalho de conclusão de curso trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, na qual foram selecionadas como fontes quatro artefatos culturais, entre eles, três vídeos e um podcast, que tratam sobre o fenômeno da caça às bruxas na Índia, Tanzânia, Papua-Nova Guiné e Brasil. Como instrumento, foi elaborada uma ficha de documentação que auxiliou na coleta e organização dos dados. Para análise dos dados, foi utilizada a análise temática proposta por Braun e Clarke. Foram elaboradas três temáticas intituladas Momento da Acusação, Consequências da Acusação e Suporte das Instituições Sociais. Como resultados, percebe-se o preconceito e a violência de gênero atrelados ao fenômeno da caça às bruxas. O preconceito aparece na medida em que as acusações envolvem componentes emocionais, crenças negativas e condutas discriminatórias direcionadas às vítimas. Também percebe-se a vivência de diversas formas de violência como a moral, psicológica, institucional e física. A violência de gênero está presente quando as acusações direcionadas às mulheres acontecem nas situações que não ocorre a completa subjugação do desejo, do corpo e da liberdade do feminino às normas sociais presentes nos locais analisados. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres, que não cumprem seus papéis sociais estabelecidos pelas comunidades, são acusadas de bruxaria, necessitando carregar as marcas físicas e psicológicas dessa rotulação. Dessa forma, nota-se tanto a violência de gênero, quanto o preconceito, como elementos que fazem parte da realidade dos locais analisados e das relações estabelecidas entre os sujeitos. [resumo fornecido pelo autor]