A vulnerabilidade social, potencializada pela pandemia da COVID-19, acomete as famílias no contexto brasileiro em diferentes graus, reduzindo recursos materiais e simbólicos, gerando efeitos na saúde mental. Uma das políticas públicas voltada para essa população é o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), integrante do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A psicologia, tendo ampliado seus campos de atuação, está inserida nas políticas públicas e nos serviços de assistência, inclusive no CRAS. Assim, o presente trabalho visa identificar possíveis contribuições da atuação do profissional da psicologia com famílias em contexto de vulnerabilidade social no CRAS. Para isto, foi necessário definir vulnerabilidade social na perspectiva das pesquisas em psicologia, conceituar famílias em vulnerabilidade social no Brasil, elaborar um breve panorama da inserção do profissional da psicologia no SUAS, descrevendo a estrutura e o funcionamento do CRAS. O delineamento foi o de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Foram selecionadas 19 teses e dissertações pertencentes à base de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, as quais apresentavam entrevistas com profissionais da psicologia atuantes no CRAS. Utilizou-se uma ficha de catalogação para caracterizar o material encontrado, o perfil dos profissionais entrevistados, a relação das atividades desenvolvidas, a atuação com as famílias nos CRAS, o trabalho intersetorial e multidisciplinar e os desafios encontrados nessa prática. Os dados coletados foram sistematizados por meio de uma revisão integrativa da literatura. Nos resultados obtidos, é possível perceber a diversidade de atividades desenvolvidas pelos psicólogos, a existência de uma falta de identificação profissional e a falta de clareza sobre o papel da psicologia no contexto do SUAS. As contribuições do psicólogo no CRAS são percebidas pelos profissionais em ações voltadas às famílias atendidas, por meio da escuta qualificada, de forma a verificar e acolher as demandas trazidas pelos usuários e por meio das orientações promover a garantia de direitos e o olhar para as vulnerabilidades ao qual estão expostas. Também, nas atividades desenvolvidas, principalmente na realização de grupos, pode-se colaborar para a transformação social pela produção de reflexões sobre o contexto em que a família está inserida, reduzindo o olhar individualizante dos sujeitos e potencializando o empoderamento e autonomia das famílias. Para isso, o profissional precisa ampliar o olhar clínico e refletir criticamente sobre a formação, possibilitando adentrar na área social sem um viés de patologização. [resumo fornecido pelo autor]