O fantástico feminino na busca do real: desdobramentos da manifestação do gênero na contística de Júlia Lopes de Almeida e de Augusta Faro
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Data
2023-10-31Autor
Brezolin, Alana
Orientador
Knapp, Cristina Löff
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Esta dissertação compreende em que medida se altera a manifestação do fantástico, no que tange às inscrições do real nele, nos contos "A casa dos mortos", de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), publicado na imprensa em 1893 e presente na coletânea Ânsia eterna, lançada em 1903; e "As flores", de Augusta Faro (1948-), que compõe a coletânea A friagem, publicada no ano de 1998, tendo em vista o anseio da literatura fantástica em buscar o ou se aproximar do real, uma vez que, segundo o teórico espanhol David Roas (2011, 2014), o objetivo do fantástico é refletir e questionar sobre a realidade e seus limites, desestabilizando-os. Este estudo pretende, portanto, defender que o fantástico não se opõe ao real, porque percebemos o anseio da literatura fantástica em buscar o ou se aproximar do real. Consideramos mais adequado afirmar que o fantástico se contrasta com o real do que se opõe a ele. Ainda que toda a ficção tenha um amparo no real, visamos ressaltar que o fantástico também depende do real para se sustentar, visto que, pela presença do sobrenatural, o fantástico possa parecer mais ficcional ou menos realista do que outras narrativas. Isso será demonstrado na literatura fantástica brasileira de autoria feminina, de duas escritoras que apresentam com grande maestria o fantástico: Júlia Lopes de Almeida e Augusta Faro. Ambas, contudo, na construção da narrativa historiográfica brasileira, ou foram postas em segundo plano, ou silenciadas: a primeira, apesar de ter sido uma importante escritora do século XIX, reconhecida internacionalmente, e, a segunda, ainda que conte com uma relevante prosa alegórica do século XX e XXI. A pesquisa toma como suporte teórico, entre outras, as discussões de Murilo Garcia Gabrielli (2004), Karla Menezes Lopes Niels (2018) e Bruno Anselmi Matangrano e Enéias Tavares (2019), sobre a literatura fantástica brasileira; Constância Lima Duarte (1997), Zahidé Lupinacci Muzart (1997), Roberto Reis (1992) e Lúcia Osana Zolin (2009), sobre a literatura de autoria feminina e suas relações com o cânone; Tzvetan Todorov (2017), Irène Bessière (2012), Jaime Alazraki (1990) e David Roas (2011, 2014), sobre a teoria da literatura fantástica; Roberto Reis (1980) e David Roas (2011, 2014), sobre as inscrições do real; e Francisco Vicente de Paula Júnior (2011), David Roas (2020) e Ana Paula dos Santos Martins (2021), sobre o fantástico feminino. Os resultados apontam para a evolução da literatura fantástica, de "A casa dos mortos" (2019), de Júlia Lopes de Almeida a "As flores" (2001), de Augusta Faro. Além disso, mostram que ambos os contos apresentam inscrições do real, em que não só elementos reais constituem os textos, pois as narrativas também estão construídas a fim de demonstrar que funcionam como o real. [resumo fornecido pelo autor]