Leucemia viral felina em gatos domésticos de Caxias do Sul, Brasil
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Data
2023-12-02Autor
Diesel, Laura Pancich
Orientador
Lunge, Vagner Ricardo
Metadata
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O vírus da leucemia felina (FeLV) representa um desafio significativo nas clínicas veterinárias em todo o mundo. Diversos estudos têm demonstrado alta prevalência de FeLV em vários locais no Brasil. A transmissão ocorre através do contato próximo entre gatos infectados e suscetíveis. Já a detecção pode ser feita por meio de testes imunológicos (rápidos) e técnicas moleculares, como a reação em cadeia da polimerase quantitativa (qPCR ou qRT-PCR) que também permite avaliar a carga viral. Esta dissertação teve como objetivo (1) estudar a frequência de infecções por FeLV em gatos domésticos no município de Caxias do Sul e (2) avaliar os dados de carga viral dos animais infectados. A amostragem inicial consistiu de 598 gatos atendidos sequencialmente em 7 clínicas e 2 hospitais veterinários de janeiro de 2022 a março de 2023. Foram obtidas informações gerais (motivo da consulta, local de residência, idade, sexo, estado reprodutivo, acesso à rua, vacinação), avaliada a condição clínica geral e coletadas amostras de
sangue total. A partir dessa população, foram selecionados 366 animais que possuíam resultados de testes rápidos para a detecção do antígeno p27 usando kits comerciais no momento da consulta e tiveram amostras de sangue coletadas adequadamente. Essas amostras foram submetidas à extração de DNA/RNA e detecção/quantificação do DNA proviral usando qPCR. As amostras positivas para o DNA proviral do FeLV também foram testadas para detectar/quantificar o RNA viral usando RT-qPCR. Os resultados demonstraram um total de 112 (30,6%) positivos no teste rápido e/ou qPCR, incluindo machos (n=64/112, 57,1%) e fêmeas (n=48/112, 42,9%), castrados (n=80/112, 71,3%) e gatos sexualmente intactos (n=32/112, 28,6%), com acesso ao exterior (n=76/112, 67,9%) ou não (n=34/112, 30,4%), vacinados (n=36/112, 32,1%) ou não (n=74/112, 66,1%). A avaliação comparativa das diferentes categorias demonstrou que gatos não vacinados (OR 2,52, p < 0,001), clinicamente doentes (OR 2,88, p < 0,001), com acesso ao exterior (OR 2,70, p < 0,001) e com comportamento apático (OR 3,06, p < 0,001) tiveram maiores chances de estarem infectados pelo FeLV. Entre as manifestações clínicas letargia (OR 3,09, p < 0,001), anemia (OR 13, p < 0,001) e neoplasias (OR 5,9, p < 0,001) foram mais frequentes nos animais positivos para FeLV. A análise multivariada foi realizada para verificar a correlação dos fatores de risco com a infecção por FeLV e observou-se significância estatística para gatos não vacinados (OR 9,67;
IC 95%: 1,85-23,69) e gatos vacinados com tríplice (OR 9,67, IC 95%: 3,37-27,76) e quádrupla (OR 2,74, IC 95%: 1,53-4,89), além de gatos com acesso ao exterior (OR 2,52, IC 95%: 1,49- 4,23). Anemia e neoplasia estavam associadas à infecção por FeLV (OR 9,11, IC 95%: 2,41, 29,49 e OR 4,14, OR 95%: 1,42-12,11, respectivamente). Amostras de 103 gatos foram submetidas à análise de carga proviral e viral. As análises de carga viral e proviral possibilitaram a classificação preliminar das infecções, sendo classificadas como progressivas altas (n=12/109, 11%), progressivas baixas (n=35/109, 32,1%) e regressivas (n= 11/109, 10,1%). A alta prevalência de FeLV demonstrada neste estudo destaca a necessidade de estabelecer estratégias eficazes de controle e prevenção na região para reduzir os fatores de risco de transmissão. [resumo fornecido pelo autor]