| dc.description | A função materna é protagonista na constituição psíquica dos sujeitos e, por isso, é importante que seja exercida por alguém capaz de oferecer cuidados suficientemente bons. Contudo, considerando que a maternidade encontra-se inserida na lógica do mito do amor materno, tal responsabilidade é comumente atribuída à mãe biológica, a qual é encarregada de amar seu filho incondicionalmente. Tal ideia desconsidera o contexto histórico, social, econômico e político em que a mulher está inserida, e seu desejo em relação ao maternar, que depende de múltiplos fatores, em especial dos conteúdos que lhe foram inconscientemente transmitidos através de gerações. Diante disso, este trabalho tem como objetivo geral identificar possíveis contribuições psicanalíticas acerca da transmissão psíquica da função materna. Como objetivos específicos, visa apresentar aspectos relevantes acerca do fenômeno do "mito do amor materno", de Badinter; caracterizar a teoria winnicottiana, priorizando os conceitos de função materna e mãe suficientemente boa; e descrever aspectos fundamentais da transmissão psíquica da função materna. Na revisão de literatura, aborda-se os temas "mito do amor materno", "mãe suficientemente boa" e "transmissão psíquica da função materna". O método empregado foi o delineamento qualitativo, de caráter descritivo, exploratório e interpretativo, e, como fonte, optou-se pela obra literária A Filha Perdida. Utilizou-se uma tabela para agrupamento de categorias para discussão, definidas a posteriori através do modelo aberto e examinadas conforme a análise de conteúdo de Laville e Dionne. As categorias de análise, denominadas "Desmitificação do mito do amor materno", "Falha no exercício da `mãe suficientemente boa" e "Aproximações e afastamentos na transmissão e exercício da função materna" buscam, através do artefato cultural, ilustrar que nem toda mulher encontra realização pessoal através da maternidade. Também, abordam a função materna enquanto influenciada por aprendizados que se transferem de uma geração para a outra, identificando-se, porém, a possibilidade de modificar o conteúdo recebido e maternar de um modo diferente dos antepassados. [resumo fornecido pelo autor] | pt_BR |
