Este trabalho busca discorrer sobre o suicídio na adolescência e seus aspectos clínicos, sob uma perspectiva psicanalítica. A taxa de suicídios no Rio Grande do Sul é maior que a de todos os outros estados e, mais ainda, o suicídio é uma das principais causas de morte dos adolescentes brasileiros. A adolescência é, por si só, um processo turbulento, momento em que o sujeito há de lidar com as mudanças no corpo, na psique, na família e na sua relação com a sociedade. O adolescente não é adulto, mas também não é criança. Precisa pertencer a algum grupo e, ao mesmo tempo, criar uma identidade própria. É um período de mudanças rápidas, intensas e incontroláveis, mas que fazem parte do adolescer. Essa perturbação adolescente é expressa de forma singular por cada indivíduo, assim como ideias de morte. Questiona-se o que leva, então, os adolescentes a matarem a si mesmos. Como objetivo, esta pesquisa busca investigar as principais contribuições da Psicanálise para traçar possível compreensão do suicídio na adolescência, em relação a alguns aspectos da clínica. Para tanto, realiza-se uma caracterização da adolescência, investiga alguns aspectos psicológicos relacionados ao suicídio e apresenta alguns fundamentos teóricos da clínica psicanalítica com adolescentes. O método utilizado foi uma pesquisa qualitativa, em uma abordagem descritiva e exploratória. O referencial de análise selecionado foi a análise de conteúdo, tendo como fonte cinco artigos científicos selecionados de diferentes bancos de dados. Como resultados apresenta-se três categorias de análise com recortes de trechos dos artigos: os lutos na adolescência, o suicídio como saída do sofrimento e os aspectos da clínica com adolescentes. Os lutos da adolescência dizem respeito à separação da figura dos pais e o luto pela perda do corpo e identidade infantil, e a busca do adolescente por uma nova identidade. Como estes lutos causam uma turbulência de sofrimentos no adolescente, por vezes o jovem consegue simbolizá-los de maneira eficiente e encontra saída através do suicídio. Para entender e escutar o adolescente, o psicanalista precisa estar bem resolvido com suas próprias questões adolescentes, bem como adaptar o setting clínico ao redor do adolescente. [resumo fornecido pelo autor]