Caminhos de permanência : a resistência e o modo de vida dos quilombos de Banguelas em Prainha (PA)
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Data
2025-01-29Autor
Cabral Junior, Fernando O'Grady
Orientador
Xerri, Eliana Gasparini
Metadata
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O presente trabalho tem como objetivo analisar as dinâmicas do modo de vida e a resistência histórica das comunidades quilombolas em Prainha, buscando apresentar as práticas culturais, sociais, econômicas e ambientais que caracterizam a comunidade. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa está ancorada na História Cultural e adota uma abordagem qualitativa, fazendo uso de técnicas como questionário, observação em campo e análise documental. Para a obtenção das informações necessárias e o devido atendimento às questões investigativas, foram realizadas visitas à comunidade dos Banguelas, situada às margens do rio Caminaú, entre dezembro de 2023 a fevereiro de 2024. Durante essas visitas, foram conduzidas entrevistas e observações nas residências, fornos, áreas cultivadas, escola, capela e nas margens do lago, onde se desenvolvem atividades relevantes para a comunidade. Em campo, verificou-se que os precursores desta comunidade, desde o princípio, ansiavam por restabelecer os vínculos familiares e conquistar a liberdade para construir relações livres de influências externas, que moldou os valores e as práticas que orientam a vida comunitária até os dias atuais. A comunidade, portanto, valoriza de maneira especial os seus bens imateriais, como os ensinamentos de vida, a harmonia familiar e a liberdade que floresce em sua localidade, estando presente nos laços entre os membros, na preservação e transmissão de suas tradições culturais e no cuidado com os recursos naturais, que são mantidos por meio de práticas sustentáveis de manejo. Nesta senda, atualmente, embora as atividades culturais expressivas continuem a ocupar um espaço central na vida da comunidade, houve uma mudança no âmbito religioso, pois, enquanto os antepassados adotavam práticas de raízes Afro-Brasileiras, hoje, a comunidade é exclusivamente católica. Ainda assim, as tradições e os rituais que marcaram a identidade cultural dos ancestrais deixaram uma influência duradoura nas celebrações locais. Em termos de subsistência, a comunidade continua a seguir métodos tradicionais, como o cultivo de roçados e a exploração extrativista de frutos. Além dessas práticas, a transmissão do conhecimento ocorre através de uma educação de cunho familiar, passada de geração em geração, bem como pelo acesso a instituições formais de ensino. Nesse contexto, o produto educacional desenvolvido como parte integrante desta dissertação, materializado na forma de uma cartilha, assume um papel importante, visto que documenta e valoriza a herança cultural e histórica da comunidade quilombola dos Banguelas, além de servir como um recurso pedagógico. [resumo fornecido pelo autor]