O tema desta pesquisa é o trabalho da mulher camponesa com o queijo serrano artesanal, a partir da produção de leite, enquanto matéria-prima disponível e de fácil acesso às mulheres no campo. O queijo trabalhado por meio de novas e antigas técnicas, pela mão das mulheres, ao mesmo tempo em que se apresenta como renda importante para compor o orçamento familiar, aparece como possibilidade de inscrição da mulher campesina. Essa é uma questão que me interessa investigar pela perspectiva da Psicologia, enquanto área de conhecimento que se dedica prioritariamente ao urbano, com pouca entrada no estudo da ruralidade. Este estudo tem por objetivo problematizar a subjetivação feminina por meio da produção artesanal do queijo serrano no meio rural, na perspectiva da Análise do Discurso pecheutiana. Para tratar dessas questões, busco analisar o deslocamento da denominação camponês para pequeno produtor rural na tentativa de chegar à tomada de posição da mulher camponesa por meio de seu fazer artesanal. O dispositivo teórico-metodológico que orienta essa pesquisa é o da Análise do Discurso pecheutiana, que articula três campos do conhecimento: a Linguística, o Materialismo Histórico e a Psicanálise. Pela interface desses campos, proponho trabalhar a linguagem fazendo sentido, a partir do jogo simbólico entre o sujeito e a História. A materialidade de análise são dez sequências discursivas (SD) do livro Queijo Artesanal Serrano: identidade cultural nos Campos de Cima da Serra, publicado em 2018 por Saionara A. Wagner. Nesta análise são engendrados os conceitos de posiçãosujeito no discurso, formações discursivas, equívoco e contradição para subsidiar a análise da materialidade (sic).