dc.description | A obesidade é um fator de risco para limitação funcional em ambos os sexos, posto que acarreta sérios prejuízos na execução das atividades rotineiras. É causa de alterações musculoesqueléticas, principalmente, no sexo feminino, e modifica significativamente a maneira como o corpo se locomove, causando alterações na postura, equilíbrio, marcha, força e deficiências musculares, dificultando a mobilidade na realização de atividades domésticas, lazer, esportes e maior dispêndio nas atividades físicas. Durante a gestação,
ocorrem mudanças anatômicas e fisiológicas no corpo da mulher. O aumento do peso, principalmente, no tronco, devido ao crescimento do feto, pode afetar o sistema musculoesquelético e alterar características da marcha e da postura. Essas alterações, progressivas e gradativas, induzem a adaptações dos tecidos moles, articulares e posturais, os quais podem acarretar desconforto e
dor na coluna vertebral, quadris, joelhos e pés. As exigências da gravidez sobre o corpo das mulheres atingem os limites da capacidade funcional de muitas estruturas maternas, podendo desencadear ou agravar quadros patológicos previamente existentes. Cerca de 50% das gestantes relatam dores na pelve e na coluna lombar/dorsal, que podem persistir ou aumentar após o parto. Este estudo possui um diferencial se comparado aos já existentes na literatura, posto que se baseia na avaliação e na comparação da marcha de gestantes obesas e eutróficas ao longo da gestação. O objetivo principal foi avaliar a marcha de gestantes eutróficas e obesas ao longo dos três trimestres gestacionais, com o intuito de contribuir para a prevenção das morbidades relacionadas à marcha destas pacientes, podendo assim colaborar com intervenções como atividades físicas para melhorar as suas qualidades de vida. Trata-se de um estudo observacional, longitudinal, prospectivo e comparativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Caxias do Sul, sob o parecer número 3.028.567. As gestantes avaliadas em três momentos específicos foram recrutadas no Ambulatório de Atendimento à 9 Gestante de Alto Risco do Hospital Geral de Caxias do Sul e nas Unidades Básicas de Saúde da Rede Municipal de Saúde de Caxias do Sul. O local de realização dos testes foi no Laboratório de Marcha do Instituto de Medicina do Esporte da Universidade de Caxias do Sul. Assim, de um total de 1.055 prontuários analisados no período de novembro/2018 a dezembro/2019, foram selecionados 230 relacionados a gestantes passíveis de participação no projeto. Contatadas, foram excluídas 115 gestantes por recusa a participar do estudo, 19 por terem abortado espontaneamente e 65 por razões não especificadas. Portanto, 31 gestantes
foram incluídas e distribuídas nos grupos gestantes obesas e gestantes eutróficas. Durante a fase de coletas de dados, ocorreram oito perdas relacionadas à desistência e/ou problemas de saúde no decorrer da gestação. Finalizaram as etapas previstas 11 gestantes obesas e 12 eutróficas. Não foi observada diferença significativa entre idade materna, idade gestacional, paridade, número de abortos prévios, estatura e comprimento dos membros inferiores. Essas características pareadas entre si caracterizaram a homogeneidade da amostra. Foram avaliados os dados espaçotemporais das gestantes participantes e verificou-se que os resultados são influenciados pelo efeito do trimestre gestacional e pelo Índice de Massa Corpórea. Contudo, podemos observar que as gestantes possuem modificações no espaçotemporal da sua marcha, sendo que as obesas se comportam de maneira diversa das eutróficas. As alterações variam com o tempo gestacional, principalmente no final da gestação, quando o peso está mais elevado. Os resultados obtidos nos fazem crer que a gestação altera a marcha e, se associada à obesidade, estas alterações tornam-se mais evidentes, fazendo
com que a gestante procure realizar uma marcha mais lenta, com passos mais curtos e permaneça mais tempo com os pés no solo durante a marcha para melhorar a sua estabilidade e evitar quedas, principalmente ao final da gestação. Este estudo pretendeu inovar na área da biomecânica, posto que são poucos os estudos relacionados à marcha de gestantes obesas. A partir da avaliação destes resultados poder-se-ão realizar intervenções clínicas 10 fisioterápicas, promovendo exercícios e prevenindo algias no período
gestacional. | pt_BR |