A neurose obsessiva pode ser compreendida como uma relação entre a fixação e a regressão. As fantasias inconscientes oriundas da infância que formam a realidade psíquica do sujeito chegam deturpadas a consciência na fase adulta. Diante de uma lembrança ou vivência insuportável ao eu e ao seu correspondente afeto, o obsessivo utiliza-se de defesas como formação reativa, deslocamento, isolamento, anulação entre outras para evitar o retorno do recalcado que se caracteriza como os sintomas do obsessivo, ou os próprios atos obsessivos na tentativa de controlar a angústia originária das experiências sexuais do sujeito. A funcionalidade do sujeito obsessivo vai ser demarcado pela meticulosidade, limpeza, obstinação, rigidez, controle que irá lhe acarretar grande sofrimento pessoal e comprometimento social gerando um alto grau de incapacidade na vida do sujeito. Para a produção do presente trabalho estabeleceu-se como objetivo geral discutir as possíveis implicações sociais em sujeitos com atos obsessivos, a partir da teoria psicanalítica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório e interpretativo tendo como fonte de desenvolvimento o filme O Aviador (King, Mann, DiCaprio, Evans & Scorsese, 2004). Como referencial de análise, foi utilizada a análise de conteúdo. Dessa forma foram selecionadas dez cenas deste artefato cultural que posteriormente foram organizadas em tabela e descritas em três categorias, sendo elas: Relação com a mãe e Lembranças infantis, Defesas obsessivas e, por última, Implicações sociais. A partir das categorias foi possível identificar que em relação à figura materna e as lembranças infantis há um retorno dos momentos sexualizados que foram vivenciados ou fantasiados pela criança, através de uma auto acusação. Na categoria das defesas obsessivas, observaram-se que a formação reativa, o deslocamento, e o isolamento foram as defesas mais utilizadas como forma de separar a ideia que é incompatível do afeto. Na categoria das implicações sociais, foi possível identificar que os prejuízos predominantes no sujeito apareceram no campo das suas relações afetivas e profissionais. As considerações finais apontam reflexões acerca de que os sujeitos vão constituir seus laços sociais a partir do desamparo inerente ao ser humano, afastando ou repetindo o desprazer em suas vidas, sendo que para tanto cada estrutura psíquica vai de maneira única encontrar uma saída para suportar sua existência. É um modo de funcionar que carece na clínica de uma escuta atenta e qualificada visando encontrar uma maneira de amenizar essa angústia dando-lhe oportunidade de uma existência melhor. Destaca-se a necessidade do prosseguimento do estudo com a finalidade de aprofundar a compreensão do tema que é complexo e vem se apresentando cada vez mais na contemporaneidade. [resumo fornecido pelo autor]