Para uma ética da humanidade: um estudo sobre filosofia prática na obra de Gerd Bornheim
Data
2022-02-23Autor
Taufer, Lucas
Orientador
Torres, João Carlos Brum
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta dissertação de mestrado tem como finalidade responder à questão de se há uma ética filosófica própria à obra de Gerd Bornheim a ser apreendida. Construímos o estudo em três etapas básicas. Na primeira, procuramos apresentar os elementos de ética filosófica como compreendidos e desenvolvidos pelo autor. Em seguida, buscamos identificar as possíveis intuições, ideias e conceitos de ética filosófica por ele problematizadas. Por fim, intentamos discutir as categorias apresentadas e identificadas ao tomar como referência os conceitos realizados por Gerd Bornheim, de modo a sintetizar criticamente os elementos de ética filosófica presentes em sua obra, com vistas a compreender sua possível originalidade. Para tanto, direcionamos nossos esforços do seguinte modo: após uma breve introdução, apresentamos, nos dois primeiros capítulos, respectivamente, "O drama burguês" e "A ética como problema", nossa tentativa de cumprir com as duas primeiras etapas postuladas para o estudo. Já no capítulo seguinte, intitulado "Diferença totalizante", pretendemos desenvolver a terceira das etapas acima mencionadas, e, assim, construir uma resposta ao problema colocado para esta pesquisa. Finalmente, nas considerações finais, trazemos um apanhado geral deste estudo. Da ética filosófica, portanto, Gerd Bornheim trata menos como a busca por uma normatividade fundamentada, do que como o processo educativo experiencial do ser humano para a responsabilidade. Em uma palavra: é a formação do homem para a vida gregária que se origina, justamente, na vivência de suas próprias contradições, e se dá pelo jogo singular entre as dimensões teórica e prática de seu próprio ser, ou seja, emana do sentido da própria condição humana. E é precisamente por isso que dizemos uma ética da humanidade: o sentido do conceito de humanidade, aqui, portanto, está para muito além de um signo universal sob o qual todo o conjunto de indivíduos particulares se remete. Seria uma ética de tal sorte a que possibilitaria ontologicamente a reconciliação da cisão originária ocorrida na revolução neolítica, a saber, entre ambas as dimensões ontológicas do homem, a do animal racional e a do animal político, destarte como se reconciliaram, nas veredas da revolução industrial, ambas as dimensões teórica e prática do animal racional? Reconfigurar-se-iam, assim, as bases pelas quais as relações entre indivíduo e norma se estabelecem, coextensivas que são à toda a experiência humana, seja pela nova compreensão do conceito de indivíduo, seja pelo novo sentido que a normatividade poderia apreender na instituição do ato responsável por invenção e imersão situacional? De que modo tais problemas estão relacionadas com o impasse da modernidade e a crise do projeto burguês? O que têm a ver com a perplexidade do indivíduo e a crise dos fundamentos da normatividade contemporâneos? E, em que medida estão fundados na compreensão do sentido e no reconhecimento da alteridade? Eis nossas questões. [resumo fornecido pelo autor]