Luto não reconhecido: uma exploração acerca dos sentimentos dos sobreviventes do suicídio
Data
2022-05-03Autor
Scopel, Luana Dondé Tochetto
Orientador
Conte, Raquel Furtado
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O suicídio é considerado um problema de saúde pública, possuindo uma taxa alarmante de pessoas que tiram suas vidas por múltiplos fatores. Estima-se que para cada morte muitas pessoas tornam-se enlutadas, denominadas sobreviventes, e vivenciam um sofrimento que influencia em todas as dimensões do Ser. Entre todo o sofrimento que o sobrevivente vivencia, está a dificuldade de encontrar suporte social e validação para seu luto, por ainda existir tabu e preconceito em relação ao suicídio. O luto que não é vivenciado por questões de crenças, julgamentos, falta de apoio e validação, pode ser considerado um luto não reconhecido. Nesse contexto, o objetivo deste estudo é o de descrever as implicações do processo de luto dos sobreviventes do suicídio, bem como o de compreender se é um luto não reconhecido. Os participantes foram cinco membros familiares que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, encaminhados por instituição coparticipante. Os critérios de inclusão foram: ter vivenciado um luto por suicídio de um familiar e ser acima de 18 anos. Foram excluídos os participantes que haviam vivenciado o luto por suicídio acima de três anos. Para a coleta de dados, foi realizada uma entrevista com cada participante, com duração de aproximadamente 90 minutos, as quais foram gravadas e transcritas. O referencial de análise foi a análise de conteúdo, de acordo com os objetivos e tema da pesquisa, a partir do referencial teórico da teoria do apego. Na caracterização dos participantes, os seguintes aspectos foram identificados: sexo do participante, idade, crença religiosa, perda de qual membro familiar e tempo da perda. Os resultados apontaram para as seguintes categorias temáticas de discussão: a) o Luto por suicídio; b) O luto não reconhecido; c) Sentimentos implicados; d) Suporte social e afetivo. Em relação ao luto por suicídio os sobreviventes expressaram vivências e sentimentos anteriores as perdas, como: tentativas de suicídio, ameaças e cuidados que precisaram disponibilizar aos seus entes, como provocadores de cansaço, esgotamento e sentimentos ambivalentes. O impacto da notícia do suicídio, bem como a morte escancarada e pública, são fatores que influenciaram no processo do luto. Quanto ao luto não reconhecido foi possível identificar a importância do auxílio e de suporte de familiares e serviços especializados. Quanto ao suporte social e afetivo aos sobreviventes é possível notar que o suporte externo, como os serviços e a rede de apoio; assim como o suporte interno representado pelas crenças, espiritualidade, fé e resiliência, se fizeram importante para o processo saudável do luto. As considerações finais apontam a importância do trabalho de posvenção. Com base nisso, foi proposto grupos de apoio aos sobreviventes a fim de cuidar e validar esses lutos não reconhecidos. [resumo fornecido pelo autor]