A objetividade da moral em John Searle
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Data
2023-09-12Autor
Nunes, Daniel Pires
Orientador
Rebello, Jaime Parera
Metadata
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Com esta pesquisa, avaliamos se o naturalismo biológico de John Searle oferece bases consistentes para uma moral objetiva. Para isso, primeiramente, definimos os conceitos de moral, objetividade e naturalismo que utilizamos, a fim de evitar equívocos e ambiguidades, bem como tratamos dos conceitos basilares da filosofia da mente searleana - o autointitulado naturalismo biológico. Na sequência, avaliamos porque o realismo externo é uma condição de possibilidade para um realismo moral. Nesse sentido, examinamos como John Searle defende que o antirrealismo é irracional. Posteriormente, abordamos a teoria da ação searleana, sobretudo a explicação de como se dá a ação racional, conforme ele. Em seguida, avaliamos se Searle foi bem-sucedido quando confrontado com as objeções sobre se se pode derivar um 'deve' de um 'é', visto que ele considera seu sistema filosófico naturalista. Na sequência, examinamos se a objetividade da moral pode ser obtida do arcabouço filosófico de John Searle, à medida que o ato linguístico de predicar é prioritário em relação aos termos universais. Defendemos que os predicados valorativos tendem a tornar-se mais aperfeiçoados ao utilizarmos a fórmula das regras constitutivas no campo da moral, de forma a, cada vez mais, incluir outros seres humanos, de maneira equitativa, diminuindo, racionalmente - e através da intencionalidade coletiva -, os desacordos morais entre grupos e indivíduos, o que implica o reconhecimento racional dos Direitos Humanos Universais. Diante disso, defendemos que ações e valores de grupos particulares podem ser respeitados desde que respeitem o contrato geral, constituído pela intencionalidade coletiva, por meio do reconhecimento racional. Argumentamos que, como característica da intencionalidade, a racionalidade não existe sem vida, e, por isso, esta possui valor intrínseco. Deduzimos que a objetividade da moral pode ser obtida do arcabouço filosófico de John Searle, à medida que, na aplicação reiterada das regras constitutivas, os predicados valorativos tendem a tornar-se mais aperfeiçoados, com a inclusão equitativa da totalidade de seres humanos, como sujeitos de direitos e obrigações, na atribuição de função de status de seres humanos. Isso diminui racionalmente e por meio da intencionalidade coletiva os desacordos morais entre grupos e indivíduos. A condição de possibilidade da moral, nesse sentido, é a própria linguagem como instituição social de base. A linguagem, como delimitador lógico, e o altruísmo, como requisito lógico para o que é o certo e o errado, seriam os generalizadores da aplicação dos termos morais. Assim, não só a dimensão da racionalidade, mas todas as demais dimensões que potencialmente compõem o eu e o outro devem ser consideradas altruisticamente em uma ação propriamente boa. Portanto, pragmaticamente, as ações do agente, por não existirem fora de contexto, devem também considerar que os demais - como indivíduos e como coletividade - também se desenvolvam de tal forma que possam dar a si mesmos os próprios fins. Enfim, a partir da tese de Searle de como é possível uma realidade social e de fatos sociais e institucionais, concluímos que há como derivar uma moral objetiva. [resumo fornecido pelo autor]