Arquitetura do ambiente de trabalho como fator de proteção psicossocial: percepção dos trabalhadores sobre o seu bem-estar
Data
2022-02-24Autor
Chinelatto, Patrícia Fabro
Orientador
Camardelo, Ana Maria Paim
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A arquitetura do ambiente de trabalho, bem como o mundo do trabalho como um todo, transformou-se consideravelmente ao longo dos anos. Estas transformações, em grande parte, contribuíram para a manutenção e o surgimento de novos fatores de risco psicossociais neste contexto, os quais agem sobre a saúde integral dos trabalhadores. Pensar os ambientes de trabalho como um meio pelo qual é possível minimizar estes aspectos, além de proporcionar bem-estar, pressupõe pensar no ambiente de trabalho como fator de proteção psicossocial. A relação pessoa-ambiente, nesta perspectiva, contribui para o entendimento da reciprocidade de influência que ocorre entre os indivíduos e os ambientes nos quais estão inseridos, onde um influencia o outro. Assim, o problema de pesquisa foi delimitado da seguinte forma: Como a arquitetura do ambiente de trabalho pode atuar como fator de proteção psicossocial e fomentar o bem-estar dos trabalhadores, segundo suas percepções? Para responder este problema, o desenho da pesquisa pauta-se pela abordagem quanti-qualitativa, que atua complementarmente na busca por estudar tanto o ambiente de trabalho como a percepção que os trabalhadores apresentam sobre ele. Com natureza aplicada e objetivo exploratório, a pesquisa de campo possibilita aprofundar a realidade do objeto de estudo, uma empresa metalúrgica localizada na cidade de Carlos Barbosa - RS. A
avaliação Pós-Ocupação como estratégia investigativa adquire relevância em razão do envolvimento das áreas da Psicologia e Arquitetura em uma mesma pesquisa. A empresa conta com 22 trabalhadores, sendo apenas 15 elegíveis a participar da coleta de dados, cujo critério de inclusão foi determinado pelo tempo de trabalho na empresa (superior a um ano). Os instrumentos quantitativos englobam a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho - EACT e a Escala do Trabalho com Sentido - ETS. Como complemento qualitativo, entrevistas com a gestão e grupos focais com os trabalhadores foram realizados, a fim de aprofundar o diagnóstico e poder refletir sobre soluções estratégicas assertivas. Além disso, observações diretas e análises técnicas também aconteceram. As análises dos dados qualitativos foram embasadas no método de análise de conteúdo de Bardin (2011), fundamentadas por referenciais teóricos. Os dados quantitativos foram analisados conforme o procedimento descrito em cada instrumento pré-selecionado. Dessa forma, buscou-se não somente ampliar a discussão sobre esse assunto, ainda pouco disseminado, mas também contribuir com fundamentos válidos diretrizes de intervenção para profissionais das áreas de arquitetura, design de interiores e engenharia, oportunizando uma maior compreensão sobre a Psicologia, pertinente no trabalho com pessoas e para pessoas. Trabalhar a arquitetura do ambiente de trabalho como fator de proteção psicossocial, segundo a percepção dos próprios trabalhadores, demonstra que é possível e imprescindível ir além das normas e legislações. A escuta qualificada, neste sentido, adquire grande relevância, como também a utilização de instrumentos que validem os resultados entre si. Quando se entende que o propósito da arquitetura são as pessoas, o arquiteto passa a ter em mãos a possibilidade de qualificar os espaços de forma adequada e responsável, para que seja proporcionado bem-estar e qualidade de vida. Ambientes de trabalho saudáveis repercutem positivamente na sociedade como um todo. [resumo fornecido pelo autor]