A morfossintaxe na oralidade do vêneto sul-rio-grandense : perfil dialetal de comunidades rurais da região da 4ª légua, Caxias do Sul/ RS
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Data
2014-07-03Autor
Picol, Greyce Dal
Orientador
Faggion, Carmen Maria
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A morfossintaxe do dialeto vêneto sul-rio-grandense, da Região de Colonização
Italiana do Rio Grande do Sul (RCI), ainda apresenta aspectos que demandam estudo: o uso
dos auxiliares, algumas flexões, formação de palavras e muitas outras peculiaridades que
ainda não estão suficientemente descritas. A partir da situação observada, o presente estudo
tem por objetivo examinar, do ponto de vista da linguística funcional, em que medida as
estruturas morfossintáticas na oralidade do dialeto vêneto sul-rio-grandense, quando
comparadas às do dialeto vêneto italiano e às da língua portuguesa, revelam semelhanças e
diferenças na formação verbal do pretérito perfeito e em aspectos do léxico, como a
renovação vocabular. O método é o da coleta de dados, feita a partir de pesquisa de campo
realizada em algumas comunidades rurais de Caxias do Sul. As questões de pesquisa são
divididas em duas etapas: solicitação de tradução frasal, do português para o vêneto sul-riograndense,
e solicitação de apresentação de relatos, também em vêneto. O corpus é formado
pelas entrevistas feitas, com as questões acima, com oito informantes (quatro homens e quatro
mulheres), dentre os quais quatro têm acima de 60 anos (dois homens e duas mulheres), e
quatro, igualmente divididos por gênero, têm entre 40 e 59 anos. Essa delimitação foi feita a
fim de que se pudesse observar se falantes mais velhos conservam traços mais originais desse
dialeto, como a construção verbal no pretérito perfeito, em relação aos mais novos, que
podem adotar outros usos. Além disso, deu-se ênfase às escolhas lexicais feitas pelos falantes,
buscando observar se há presença marcante de neologismos, decorrente do contato com outras
línguas, mais uma vez levando em conta a diferença de idade. A partir da análise do corpus,
nota-se que o talian vem sofrendo transformações decorrentes do contato contínuo com a
língua portuguesa, especialmente no domínio da neologia: há uso corrente de empréstimos.
Também se observam, nas realizações dos falantes, muitas ocorrências de alternância de
códigos linguísticos, em ambas as faixas etárias, com mais presença na fala feminina. Sobre a
construção verbal no pretérito perfeito, a escolha do verbo auxiliar foge da norma em alguns
casos, mas não é uma característica marcante; há usos do auxiliar aver exclusivo somente em
alguns informantes. Os informantes, de um modo geral, apresentam características
remanescentes do dialeto trentino Oriental em sua fala.