Processo de inclusão, aprendizagens e acessibilidade: imersões com pessoas com deficiência visual
Data
2022-06-24Autor
Eich, Milena Schneid
Orientador
Valentini, Carla Beatris
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta tese investiga de que forma o movimento de trocas entre videntes e pessoas com deficiência visual em diferentes contextos compõe o processo de inclusão, considerando as vivências, as aprendizagens e a acessibilidade. A opção teórica para estudar o tema se apoia nos estudos de Vigotski (1997, 2018) sobre deficiência a partir da consideração do contexto histórico-cultural dos indivíduos, bem como nos constructos teóricos de diferentes autores sobre os modelos de deficiência, formas de atenção às pessoas com deficiência e acessibilidade. Na investigação de natureza qualitativa, adotou-se como procedimento de coleta de dados as entrevistas narrativas e a navegação pelo objeto de aprendizagem Proincluir. Os dados coletados foram analisados com o auxílio do software de análise qualitativa de dados ATLAS.ti. Quatro pessoas cegas participaram da pesquisa, tendo sido consideradas como parceiros de pesquisa, pessoas com quem os dados foram construídos, numa perspectiva inspirada no pesquisar com, abordagem defendida por Jobim e Souza e Carvalho (2016) e Moraes e Kastrup (2010). Da análise, emergiram duas categorias. Na primeira, denominada Vivências educacionais e com Tecnologia Assistiva, discutiu-se como as instituições de ensino e de atendimento marcaram o processo de escolarização dos participantes parceiros da pesquisa no que tange à Tecnologia Assistiva, as formas de atenção às pessoas com deficiência visual e a aprendizagem. Na segunda categoria, Navegação compartilhada, acessibilidade e aprendizagem, buscou-se evidenciar momentos em que o par eficiência-deficiência se fez presente durante a navegação pelo objeto de aprendizagem. Também, refletiu-se sobre a avaliação da acessibilidade e sobre as facilidades, dificuldades e aprendizagens que emergiram a partir da exploração do objeto de aprendizagem Proincluir. A pesquisa revelou que o processo de inclusão não é dado pronto, mas sim construído com o outro, é um processo em que as trocas inter e intrapsicológicas e com o contexto são priorizadas e em que a escuta, a consideração de pessoas com deficiência visual como experts de suas realidades e a atenção ao contexto social em que estes indivíduos estão inseridos são caminhos promissores para a inclusão. Revelou, também, que o processo inclusivo é feito de acertos e erros e de aprendizados que devem considerar os diferentes atores envolvidos, sejam eles a pessoa com deficiência, o professor, a instituição de ensino e de atendimento e a família. Ao considera-se a união dos aspectos anteriormente trazidos é possível obter-se pistas sobre como pessoas com deficiência visual aprendem e sobre quais desafios e barreiras enfrentam para conviver, aprender e se desenvolver. [resumo fornecido pelo autor]