A psicologia no Brasil, regulamentada como ciência e profissão, possui 60 anos de percurso, e tem se estabelecido, entre outras áreas de atuação, como profissão de saúde. A psicologia está presente, nos movimentos democráticos de luta por direito à saúde, desde à reforma sanitária, que teve seu início na década de 1970, e culminou na criação do SUS - Sistema Único de Saúde - pela Constituição Federal em 1988; e mais tarde, em defesa ao movimento antimanicomial e a reforma psiquiátrica, regulamentada em 2001. Contudo, a atuação do psicólogo no SUS se estabeleceu apenas com a criação dos dispositivos substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Atrelado a isso, e apesar da recomendação para compor a equipe mínima de diversas políticas públicas de saúde, o profissional de psicologia é comumente associado exclusivamente ao tratamento direcionado à saúde mental. Essa associação explica-se pela lógica dualista mente-corpo, que compreende a saúde física e psíquica separadamente. Sendo um dos objetivos do SUS superar tal visão dicotômica, entende-se que o profissional de psicologia é essencial para o cuidado integral dos indivíduos nos três níveis de atenção à saúde. Frente a isso, faz-se necessário pensar em como a prática dos profissionais de psicologia vem sendo construída neste cenário. Assim, o presente estudo pretende analisar a produção bibliográfica sobre a atuação do psicólogo no campo da saúde pública, com o objetivo de compreender as ações do psicólogo que contribuem para uma escuta terapêutica aos usuários dos serviços de saúde pública, descrever as possíveis ações do psicólogo nesses espaços e investigar a concepção de escuta qualificada, seus atributos e características terapêuticas. O método para a realização da pesquisa consistiu-se numa revisão bibliográfica de artigos científicos, realizada a partir de uma abordagem de pesquisa qualitativa e analisada através de síntese integradora. Por meio desse estudo foi possível evidenciar a importância da escuta qualificada nos processos de saúde/doença, como recurso possibilitador de estabelecimento de vínculo com os usuários e entre a equipe de profissionais dos serviços, bem como proporcionar o reconhecimento das singularidades o que permite oferecer melhores condições de tratamento. As ações que podem favorecer uma escuta terapêutica nos serviços de saúde pública, mostram-se relacionadas a uma postura ética-política e uma visão crítica dos processos sociais e institucionais que permeiam o fazer do psicólogo. [resumo fornecido pelo autor]