O gesto da semelhança: a clínica, a escrita, o saber
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Data
2023-11-30Autore
Nodari, Abner
Orientador
Maggi, Alice
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Este trabalho procura investigar as relações entre a teoria psicanalítica e a teoria literária a partir da atividade psíquica partilhada entre os dois campos: o processo de ficção. Ao apresentar ideias acerca das metodologias freudianas da clínica e as estratégias da escrita de ficção, o texto repensa os conceitos metapsicológicos de fantasia, sublimação e inconsciente fundamentados nessa sobreposição, bem como tensiona as direções de manejo clínico implicadas neles. Essa ideia é distante da representação encontrada em recortes teóricos como a psicanálise aplicada porque não pretende dar um uso ocasional à teoria freudiana e nem usá-la como ferramenta interpretativa, mas sim reconhecer que o intercâmbio conceitual entre a psicanálise e a teoria literária ocorre e pode ser profícuo. Entende-se, portanto, que a estruturação do inconsciente como uma linguagem fornece não apenas operadores intradiscursivos, isto é, dentro do discurso, (como a metáfora e a metonímia) mas também interdiscursivos - eis a ficção. A habilidade ficcional é o que une o sujeito à exterioridade, à clínica, à literatura e ao Outro. Dessa forma, por meio do método proposto pela Análise do Discurso de Michel Pêcheux, que intersecciona os campos da linguística de Saussure, da psicanálise de Jacques Lacan e do materialismo histórico de Althusser, investigar-se-á cinco sequências discursivas do livro O lugar, da escritora Annie Ernaux, como forma de evidenciar as relações do discurso que vão ao encontro da tese de que a ficção é a atividade comum da escrita à clínica. O corpo teórico de Ernaux, ganhadora do prêmio Nobel, apresenta as características enunciativas fundamentais que exibem a tese deste trabalho e sustentam, aglutinados em três campos, as ideias exploradas. O objeto de análise revela as direções dadas àquilo que a teoria freudiana compreende como castração, isto é, a sexualidade (a castração no gênero), a linguagem (a castração na língua) e a pobreza (a castração na classe social), e evidencia com ímpeto o processo de ficcionalização da história pessoal como forma de ultrapassagem do sintoma neurótico. Com isso, tem-se a meta de reforçar os estudos inter-epistemológicos, bem como renovar a concepção teórica da fantasia como o paradoxo fundamental àqueles que se propõem a pensar o sujeito do inconsciente. [resumo fornecido pelo autor]
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- Psicologia - Bacharelado [243]