O diagnóstico tardio do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em mulheres pode gerar sentimentos de inadequação, de incapacidade e de comparação diante das tarefas socialmente atribuídas ao feminino. A Terapia Focada na Compaixão (TFC) pode ser utilizada como terapia complementar, de modo a colaborar com o enfrentamento da culpa, da vergonha, do autocriticismo e com o desenvolvimento de uma postura compassiva consigo e com os outros. O trabalho objetivou descrever possíveis intervenções do profissional da psicologia no cotidiano das mulheres com TDAH na perspectiva da TFC. Propôs como objetivos específicos: caracterizar o TDAH em mulheres no tocante à etiologia, à sintomatologia e à terapêutica; elaborar um breve panorama dos papéis sociais atribuídos às mulheres na sociedade contemporânea; e apresentar os conceitos da TFC. A revisão da literatura foi estruturada para responder aos objetivos específicos. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, exploratória e interpretativa. Utilizou-se dois artefatos culturais, Um Jeito TDAH de Ser e Failing at Normal: An ADHD Success Story, que apresentam depoimentos de três mulheres adultas que convivem com o TDAH. Para a organização dos dados, elaboraram-se tabelas compostas dos itens: numeração, minutagem e descrição das cenas e classificação destas em temáticas. Com base na análise de conteúdo de Laville e Dionne, foram delimitadas três categorias: Sintomas, Diagnóstico e Prejuízos Percebidos do TDAH; Estratégias de Enfrentamento e Tratamento do TDAH e Caracterização de Si Mesma e Convivência com o TDAH. A discussão dos resultados refere-se a três momentos: aprofundar a compreensão dos sintomas do TDAH com base nas experiências das mulheres dos artefatos culturais; relacionar os conceitos da TFC, em especial à presença de críticas sociais e de autocríticas, com os prejuízos pessoais, laborais e sociais; relacionar os conceitos da TFC, em especial aqueles relacionados aos sistemas de ativação de ameaça e as técnicas terapêuticas, aos pensamentos e aos comportamentos expressos pelas mulheres dos artefatos culturais, a respeito de si mesmas e do TDAH. Acredita-se que a TFC, oferecendo a compaixão em psicoterapia, contribui diminuindo o autojulgamento, associado ao TDAH. Especificamente em mulheres, diante dos esforços em cumprir as expectativas sociais. A TFC constituiu o treinamento da mente compassiva, propõe desenvolver os atributos da compaixão, empatia, tolerância pelas memórias e sensibilidade às próprias necessidades, por meio do treinamento de habilidades, mindfulness, ritmo de respiração, introdução de imagens, self compassivo e cartas compassivas. [resumo fornecido pelo autor]