A teoria da ação e o mal-estar na civilização : nada há para a felicidade além do princípio do prazer?
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Data
2024-03-05Autor
Vedana, Simone Teresinha
Orientador
Sangalli, Idalgo José
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A pesquisa visa analisar aspectos ético-filosóficos a respeito da formação e da saúde psíquica com base na abordagem filosófica aristotélica e da teoria psicanalítica. Diante dessas duas abordagens investiga-se a possibilidade de compatibilidade teórica entre a filosofia de Aristóteles e a revolucionária teoria psicanalítica a respeito da constituição do caráter psíquico que versa entre a sanidade e a psicopatologia. É possível que as explicações sobre o caráter moral em Aristóteles e em Freud convirjam em teorias compatíveis e que em alguns aspectos se complementam sobre a estrutura e o desenvolvimento psíquico tanto saudável quanto o patológico? A mediania no controle racional dos prazeres, a formação do hábito e a educação das sensações e emoções podem estar diretamente relacionadas à saúde mental. Através da análise dialética da teoria aristotélica e freudiana, alguns fundamentos comuns são buscados para a compreensão da condição mental e do caráter humano. A teoria aristotélica estabelece alguns conceitos sobre as virtudes éticas e dianoética, atribuindo sobre elas a função moderadora dos apetites, afetos e das emoções como primeiros preceitos morais para o indivíduo dispor de um caráter virtuoso. A condição estabelecida para essas primeiras capacidades consiste em uma habilidade do organismo indivíduo-coletivo para ações práticas e por meios racionais que visam o bem comum. A temperança é a disposição moral virtuosa que torna o indivíduo apto a designar o curso com equilíbrio e harmonia entre paixão e razão, visando os melhores fins aos seus desejos. A vida virtuosa é também uma condição primordial para a vida em comunidade, pois o indivíduo que desenvolve a capacidade moral em direcionar os seus desejos e afetos para o melhor fim e para o bem comum precisa também de uma disposição ética denominada por phronesis. O contrário dessas disposições são os descontroles e maus desígnios sensíveis e perceptivos que conferem traços patológico do comportamento vicioso, encontrado no caráter intemperante e incontinente. Os vícios tendem a ser obstáculos para as demais disposições dianóeticas, a sabedoria prática e a científica. O caráter compulsivo, por exemplo, tende a repetição das ações más deliberadas. A ética aristotélica preconiza as virtudes éticas e dianoética como condições para a aquisição do bem comum e o mais elevado, a vida feliz. Na literatura contemporânea é possível inferir sobre a condição de como pode ser constituído essa disposição ao vício, já mencionado na antiga filosofia grega. A psicanálise freudiana evidencia, através de sua observação analítica do comportamento e do discurso, algumas formas que traduzem a condição de sofrimento emocional e afetivo e as ações compulsivas. O que é atribuído à condição de sofrimento, é o que na psicanálise foi denominado como sintoma e o agente passivo e ativo é uma condição do que o psicanalista denominou como neurose. As origens dessas condições de sofrimento são evidências sintomáticas que atuam por repetição das percepções sensíveis e as relações afetivas que requerem ser elaboradas emocionalmente e conscientemente. [resumo fornecido pelo autor]