Avaliação do estresse oxidativo na degeneração discal humana
Data
2024-06-05Autor
Carazzo, Charles André
Orientador
Falavigna, Asdrubal
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Introdução e justificativa: A doença degenerativa dos discos intervertebrais é uma das principais causas de dor lombar, sendo associada a múltiplos fatores ambientais, ocupacionais, epigenéticos e genéticos. O tratamento inicialmente é conservador, incluindo medicamentos, infiltrações e fisioterapia. A cirurgia é indicada apenas nos casos refratários, sintomáticos e com concordância clínica-radiológica. Para o conhecimento fisiopatológico do processo degenerativo, é necessário a compreensão dos mecanismos de morte e regeneração celular. O Estresse Oxidativo tem sido estudado como um dos principais fatores moleculares que induzem a degeneração discal e tem atraído interesse dos pesquisadores pela sua relação com as doenças neurodegenerativas e a fatores biológicos ligados ao envelhecimento.
Objetivos: Avaliar o estresse oxidativo no disco intervertebral humano na doença degenerativa lombar através de marcadores proteicos, genéticos e bioquímicos para auxiliar na compreensão do papel do estresse oxidativo na degeneração do disco. Métodos: Amostras de disco intervertebral foram obtidas de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para distúrbios da coluna lombar, divididos em grupos leves (graus de Pfirrmann II e III) e graves (graus de Pfirrmann IV e V). As seguintes análises foram realizadas: I - imunohistoquímica para avaliar a expressão das proteínas antioxidantes TRX e PRDX/PAG1, II - RT-qPCR para verificar a expressão dos genes NF-kB, GSK3ß e P21/ CDKN1A, e III - Testes bioquímicos para quantificar a proteína sulfidril e determinar a produção de óxido nítrico para verificar os níveis de estresse oxidativo. Resultados: A proteína TRX mostrou expressão positiva predominante em condrócitos e fibroblastos, com expressão significativamente maior nos graus de doença mais leves (75,32 ± 6,65) em comparação com os mais graves (68,98 ± 8,25) (p < 0,001). PRDX/PAG1 exibiu expressão mais alta em aglomerados de condrócitos NP e em doenças mais leves (65,70 ± 12,15) (p < 0,001). Todos os genes avaliados mostraram tendência de aumento da expressão nos graus mais graves da doença e apresentaram uma correlação estatística positiva de Pearson, especialmente o gene P21/ CDKN1A, que demonstrou hiperexpressão genética com diferença estatística significativa nos graus mais graves de patologia (p = 0,038). A proteína sulfidril foi mais abundante em graus leves em comparação com graus graves de patologia (14,42 ± 6,37 vs. 7,52 ± 3,26, p = 0,009). A quantidade de óxido nítrico produzida foi maior entre aqueles com degeneração grave em comparação com aqueles com degeneração moderada (9,29 ± 2,55 vs. 8,02 ± 0,92, p = 0,290). Conclusões: A degeneração do disco lombar resulta de vários fatores, incluindo estressores mecânicos, metabólicos, inflamatórios e genotóxicos. De acordo com este estudo, os graus mais graves desta patologia (Escala de Pfirrmann) ocorrem devido à redução da atividade antioxidante (TRX, PRDX/PAG1, proteínas sulfidril), aumento da expressão de genes inflamatórios e senescentes (NF-kB, GSK3ß, P21/ CDKN1A) e elevada produção de óxido nítrico, levando em última análise à apoptose celular. [resumo fornecido pelo autor]