O abuso sexual infantil acontece quando há o acometimento da criança ou do adolescente em ato sexual sob o qual a vítima não tenha condição, capacidade ou não esteja em um estágio do desenvolvimento que possibilite a compreensão e o consentimento, contrariando-se as leis e tabus sociais vigentes. Esta pesquisa teve um delineamento qualitativo, de cunho exploratório e interpretativo, com o objetivo de investigar as possíveis relações entre o abusador sexual e o trauma infantil vivenciado, a partir da perspectiva psicanalítica. Para isso foi utilizado um estudo de caso publicado em uma tese de dissertação intitulada "Autores de Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes: um estudo a partir da teoria sócio-histórica". O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma Tabela de recortes apresentados no estudo de caso, priorizando os aspectos relativos a história pregressa e atual do abusador, eventos traumáticos na infância e implicações do abuso sexual infantil na vida atual do sujeito. Para a análise do conteúdo foi utilizado o referencial de análise de Laville e Dionne (1999), de acordo com os objetivos do estudo e o referencial psicanalítico. A partir da categorização dos temas de interesse do estudo, foram obtidas duas categorias. A primeira, denominada características do histórico familiar, é composta de quatro recortes, e a segunda, denominada o trauma infantil e suas implicações, de sete recortes. A partir disso, as considerações finais apontam que Pedro foi vítima de abuso sexual na infância, tendo desenvolvido um trauma que não pôde ser elaborado. Desta forma, como consequência da clivagem egóica que se instaurou, não houve simbolização do trauma, que permaneceu ativo, manifestando-se por meio da compulsão à repetição de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. [resumo fornecido pelo autor]