A ansiedade social é uma condição que pode causar prejuízos psicossociais, afetando a saúde, relacionamentos e desempenho em áreas diversas. A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), uma abordagem cognitivo-comportamental contextual, propõe a aceitação das experiências e enfatiza a função dos comportamentos na geração de mudanças. A abordagem transdiagnóstica oferece uma compreensão do sofrimento mental, distanciada da perspectiva nosológica. O objetivo geral deste trabalho de conclusão de curso é identificar possíveis contribuições conceituais da ACT na compreensão da ansiedade social na perspectiva transdiagnóstica. Os objetivos específicos incluem: apresentar os pressupostos conceituais da ACT; traçar um panorama histórico e conceitual da abordagem transdiagnóstica; e descrever a ansiedade social a partir da ACT. A revisão da literatura contempla as temáticas descritas nos objetivos específicos. O delineamento adotado foi uma pesquisa qualitativa exploratória. Selecionou-se 16 relatos de casos de ansiedade social, publicados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online, Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, Periódicos de Psicologia e Portal de Periódicos da CAPES, SciELO Livros, Minha Biblioteca e Biblioteca Virtual. Os dados foram sistematizados em uma tabela contendo título, autores, data de publicação, objetivo, dados sociodemográficos, descrição da sintomatologia/queixa, história pregressa, prejuízos percebidos e estratégias comportamentais. A interpretação foi realizada com base na análise de conteúdo de Laville e Dionne, em um modelo de categorização misto e com a construção iterativa de uma explicação. Os resultados se organizam em cinco categorias correspondentes aos itens que compuseram a tabela de organização dos dados. A análise dos dados indica que a ansiedade social apresenta processos de inflexibilidade psicológica, como esquiva experiencial, marcada por estratégias comportamentais de evitação, atenção inflexível, destacada pela ansiedade antecipatória e pela busca por comportamentos de segurança, fusão cognitiva com pensamentos/sentimentos de inadequação, medo de avaliação e julgamento negativos e self-como-conceito marcado por sentimentos de medo, ansiedade, temor e desconforto nas interações sociais. A desconexão com valores é exemplificada pela percepção de prejuízos na construção de projetos e nas interações sociais, além de ações de inação/impulsividade, presentes na evitação e no abuso de substâncias. Tanto os processos da ACT, quanto aqueles presentes na ansiedade social, são englobados pelas dimensões propostas no modelo baseado em processos. Assim, a ACT, ao buscar o desenvolvimento da flexibilidade psicológica, aproxima-se da abordagem transdiagnóstica, focando em processos de mudança. Sugere-se futuras pesquisas abrangendo outras psicopatologias para ampliar a compreensão a respeito das aplicações da abordagem transdiagnóstica. É igualmente relevante desenvolver estudos que aprofundem o papel da flexibilidade psicológica como modelo psicoterapêutico. [resumo fornecido pelo autor]