Borboletear : do mal-estar ao acolhimento - cartografia de transformações autopoiéticas subjetivas de docentes no território escolar

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Data
2025-11-28Autor
Silva, Andressa Abreu da
Orientador
Soares, Eliana Maria do Sacramento
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A presente tese emerge de um estudo cartográfico que teve a seguinte pergunta como questão motivadora: Como está acontecendo o viver, o ser e o estar na atuação de docentes no território escolar e quais processos autopoiéticos estão sendo desencadeados? Os pressupostos teóricos que orientam a pesquisa advêm da Biologia do Conhecer de Maturana e Varela (1997, 2001) e da Biologia Cultural de Maturana e Dávila (2015, 2021), especialmente os conceitos de autopoiese, acoplamento estrutural, coordenações de ações recursivas e convivência. A esses foram articulados alguns operadores complexos, Morin (2002, 2005), o conceito de subjetividade de Morin (1996), o conceito de complexificação pelo ruído de Atlan (1986), e o conceito de experiência de Larrosa (2002). O movimento cartográfico foi baseado em Passos, Kastrup e Escóssia (2009), e consistiu no acompanhamento de processos que estão acontecendo no território escolar da Educação Básica. Esse caminho de pesquisa entende que o pesquisador não está isolado da realidade pesquisada, além de considerar a realidade como um mapa móvel e dinâmico. Para realizar os acompanhamentos na perspectiva da cartografia, escolhemos as conversações, inspiradas no conversar liberador de Maturana e Dávila (2015) e escritas autonarrativas, acompanhando três professoras atuantes na Educação Básica. Essas professoras foram escolhidas por capturarem nossa atenção flutuante de cartógrafas devido a sua forma de estar no domínio de ação do território escolar e, sendo assim, elas foram convidadas a compartilhar suas vivências. Dentre esses acompanhamentos, realizamos um (auto)acompanhamento, no qual trazemos uma escrita (auto)narrativa e, a partir de coordenações de coordenações de ações, construímos validações autopoiéticas. Destacamos o acolhimento como o cerne das emergências, conceituado-o como parte constituinte do viver relacional do ser humano, que requer presença dos seres que estão em acoplamento, reconhecendo um ao outro como legítimo outro na convivência, em inteireza e abertura para que o viver possa emergir como uma cocriação baseada em respeito e aceitação. Desde essa forma de ser, os sujeitos têm potencial de se empoderar mutuamente, tendo possibilidade de se (auto)complexificar, transformando-se autopoieticamente. Nos acompanhamentos cartográficos, identificamos o mal-estar docente como desencadeador de perturbação/ruído, e as consideramos como fonte de transformações autopoiéticas. Desta maneira o acolhimento pode ser um caminho para a convivência, e a convivência pode ser um caminho para o fazer pedagógico que toma o empoderamento como um fomento para movimentos de (auto)complexificação. Tendo em vista as emergências construídas ao longo dessa cartografia, a tese que apresentamos é a de que o ser e estar do professor no território, em acoplamento consigo, com o meio e com o outro, pode desencadear processos autopoiéticos com potencial de provocar mudanças na sua identidade como professor. Para tanto ele precisa, em movimentos de olhar para si, em acoplamento consigo, e em acolhimento de si, tomar o malestar como ruído, que leve a transformações na sua subjetividade e na sua forma de atuar com os estudantes. Esperamos que esse estudo encontre ressonância e que possa ser inspirador para uma educação acolhedora e transformadora. [resumo fornecido pelo autor]
