A constituição ontológica da morte : uma análise heideggeriana
Data
2019-03-12Autore
Pilatti, Carolina de Almeida
Orientador
Veiga, Itamar Soares
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A morte fenomenologicamente apreendida é o fim da existência e assim, uma espécie de vivência de uma possibilidade. A existência possui uma finitude, ou seja, ela se mostra em uma situação de “ainda-não” (nicht-noch), na qual o morrer do ente
privilegiado denominado Dasein constitui a possibilidade efetiva, mais peculiar e intransferível. A existência e o final do Dasein são abordados nesta perspectiva em distintos momentos da produção de Heidegger. Entretanto, o cerne está na segunda
seção de Ser e tempo. Assim, a questão medular tratada é a da constituição ontológica e ética da morte num caráter existencial, bem como as articulações entre o permanecido (Noch-verbleibenden) e os permanecentes (Verbleibenden). Estas duas denominações da existência encontram-se em um âmbito onde ocorre uma espécie de “nó ôntico-ontológico” e possivelmente ético. No que diz respeito à ética, aprofundase a apropriação técnica da morte de um Dasein moribundo por outros Dasein que estão no entorno. A trama da existencialidade presente na analítica existencial, bem como as condições fundamentais do Dasein são importantes para o mero entendimento da circularidade que permeia o tratado do filósofo da Floresta Negra. É possível perceber uma lacuna a ser estudada a respeito do ente que finda, pois, o tema da morte apresenta problemas em sua definição ontológica e ética: sobre o ente finito em situações terminais, a qual se denomina aqui de permanecido. Esta abordagem permite o aprofundamento da junção complexa destas dimensões ôntica e ontológica da morte. O método utilizado foi um tratamento teórico-exploratório. A análise final indica diferentes estatutos ontológicos como possivelmente definidores do permanecido, inclusive, a tomada do caráter existencial do findar deste pelos permanecentes, e a possibilidade de uma contribuição da concepção de serenidade em Heidegger. Por fim, ressalta-se a necessidade de uma ética aplicada à morte e ao morrer, em contraponto à tecnologização cotidiana e impessoal.