O tema deste trabalho surge através do olhar para uma tríade: a arte, o corpo e a psicanálise. O objetivo geral é o de estabelecer articulações e tensões entre esses três campos que apresentam entre si encontros e desencontros na tentativa de dar conta do trauma. Busco detalhar as marcas do corpo como traumas na sua relação com a arte. A materialidade desse trabalho é um curta documentário nomeado Gilete Azul, da cineasta e psicanalista Miriam Chnaiderman, que apresenta as relações de uma artista plástica contemporânea (Nazareth Pacheco) com seu corpo e sua vida. Dois recortes serão abordados: uma sequência discursiva e uma imagem que forjarão uma aproximação entre o corpo em que habita a personagem principal e seus efeitos no encontro com a arte e a psicanálise. Produzido num certo tempo e espaço, o documentário, que é a obra de mais-valia neste trabalho, será analisado em interlocução com o materialismo histórico. Pretendo discutir, no campo da linguística, o discurso da artista ao bordar os sentidos da obra, estruturando-a como a linguagem do inconsciente a partir do conceito de corpo para a psicanálise. Os escritos do inconsciente e suas relações com as inscrições no corpo ganham um ponto de estofo com a articulação ao conceito de trauma. A interlocução entre estes três campos de saberes é o que suporta a trama de conceitos apresentada neste trabalho. Neste sentido, o referencial de análise é influenciado e será produzido através da perspectiva da análise do discurso francesa. Como disciplina, a análise do discurso suporta três campos de saberes que assim como o corpo e a arte possibilitam certas relações e aproximações. O materialismo histórico e dialético, a linguística e a psicanálise constituem um outro corpo, o teórico, consolidado pela análise do discurso nas relações do sujeito com a língua e com o seu trabalho (sic).