O cortiço, de Aluísio Azevedo: determinismo e regionalidade
Data
2019-12-18Autore
Nobrega, Nára Boninsegna da
Orientador
Arendt, João Claudio
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Esta pesquisa busca analisar as representações da regionalidade e do determinismo na obra O cortiço, de Aluísio Azevedo. Procura-se saber quais são os aspectos referentes ao determinismo racial, do meio, do momento histórico e à regionalidade presentes na obra. Assim, tem-se como objetivo analisar como esses determinismos e a(s) regionalidade(s) foram representados e se entrelaçam no romance. Sabe-se que o autor, principal representante da escola literária do Naturalismo no Brasil, imprimiu em seu projeto artístico muito das concepções cientificistas tão em voga quando de sua atuação, no último quartel do século XIX. Além disso, o romance analisado, lançado em 1890, representa e foi produzido durante uma época de efervescência social, em que se discutiam pesadamente, no Brasil, temas como a abolição da escravidão (que ocorrera em 1888), a igualdade ou a diferença entre os perfis étnico-raciais. Foi a época das teorias do determinismo, que tiveram em Silvio Romero e Nina Rodrigues fortes vozes de consonância. Os cortiços foram se tornando cada vez mais comuns, acelerados pelo crescente fluxo de imigrantes, pelo aumento no número de alforrias, pelos negros fugidos, que eram abrigados nessas habitações, além de servirem de moradia para aqueles com baixa renda ou nenhuma. Eram espaços sociais tomados pela miscigenação, objeto de debates entre os intelectuais brasileiros para explicar a formação do povo brasileiro, baseados em critérios raciais e apoiados nas correntes cientificistas do período. Ademais, esses agrupamentos urbanos são a origem das favelas que se desenvolveram nas cidades e regiões brasileiras; por isso, este trabalho também se debruça sobre recentes discussões teóricas a respeito de região e regionalidade, uma vez que o cortiço de Aluísio Azevedo, embora assumidamente tenha buscado representar todo o Brasil, claramente tem traços específicos de nações, etnias e momentos históricos específicos – regionalidades.